44 anos da Apufsc: uma história de lutas

A Apufsc, sindicato dos professores das Universidades Federais de Santa Catarina, chega aos 44 anos nesta semana com a missão de resgatar seu perfil de lutas e repensar sua função como entidade sindical. “Dois terços da categoria não está filiada à Apufsc. O maior desafio hoje é aumentar a representatividade entre os professores ativos, junto com a luta por melhores condições de trabalho, de pesquisa, e por reconhecimento do valor do trabalho docente junto à sociedade”, diz Bebeto Marques, presidente do sindicato. “É um momento de intensa atividade em defesa da educação, marcado pela ascensão de um novo governo cujo perfil é de redefinição do papel do Estado, afirmando inclusive o seu desmonte, o que tem consequências ao sistema formado pelas universidades federais e à função como docentes.”

Desde sua fundação, no dia 24 de junho de 1975, muitos professores colaboraram para o fortalecimento e a importância local e nacional da Apufsc, afirma Bebeto. Ele também lembra que nesse período a Apufsc passou por fases distintas. “Houve momentos de mais foco nas lutas democráticas nacionais, e momentos de fortalecimento da carreira e da defesa da universidade pública e gratuita. Depois, a entidade passa um período de busca de renovação de práticas sindicais, quando houve o rompimento com o sindicato nacional, mas a lutas se arrefeceram e por várias razões a categoria se afastou muito do sindicato”, diz. Em 2009, a Apufsc se desfiliou do Andes-SN e se tornou um sindicato autônomo – condição que foi colocada em discussão neste ano e deve mudar em agosto, com a votação para definir a filiação ao Andes ou ao Proifes, duas das entidades que representam nacionalmente os docentes do ensino superior.

Hoje, a Apufsc tem 2,9 mil filiados. Em 1975, na assembleia de fundação, eram 165. “Não tínhamos nada planejado. Eu fui para o quadro-negro e comecei a pensar: o que vai ser a associação? Foi uma coisa genuína”, conta Hamilton Schaefer, primeiro presidente da Apufsc, hoje com 80 anos. Ele foi professor da UFSC de 1962 a 1992. Engenheiro eletricista, atuou no antigo departamento de Engenharia Industrial, e depois no departamento de Física. Também foi vice-reitor da universidade de 1972 a 1976, além de presidente da Associação Catarinense de Engenheiros (ACE) e conselheiro regional do CREA-SC.

Na época da fundação, havia cerca de 800 professores ativos na universidade, e a associação enviou convites a todos eles para participar da primeira assembleia. “Nós precisávamos de um órgão para se articular, uma associação voltada para defender os interesses do professor”, diz Hamilton. Foi nessa assembleia que foi montada uma comissão e elaborado o estatuto. Alguns meses depois, em 14 de agosto de 1975, uma nova assembleia aprovou o documento e elegeu a primeira diretoria, da qual Hamilton era presidente.

Entre as ações da primeira diretoria, destaca-se a criação da sede da Apufsc no campus Florianópolis. “Era um ponto de encontro do professor, para valorizá-lo”, explica Hamilton. “Na época precisava pedir para o chefe do departamento para usar o telefone. Na sede tínhamos telefone para o professor usar. Tínhamos xerox. E foi tão bem fundada que tá aí até hoje.”

Logomarca

Hamilton também foi o responsável pela contratação do artista Hassis para a elaboração do logo da Apufsc. Nascido em Curitiba e criado em Florianópolis, Hassis foi um dos principais artistas de Santa Catarina da segunda metade do século XX, conhecido pelos murais da Capela da Trindade na UFSC, do Tribunal Regional Eleitoral e do Terminal Rodoviário Rita Maria.

Na época, o artista era funcionário da UFSC. “Ele juntou as letras A e P, aí desenhou uma cabeça e um braço em forma de luta. Colocamos esse símbolo do lado de fora da sede, que é um símbolo de luta”, lembra Hamilton.

Mesa de Assembleia Geral de Professores com membros da Diretoria da APUFSC (Raul Güenther, Marli Auras) e o reitor da época Ernani Bayer prestando esclarecimentos. 1980. Fonte: Agecom.