A proporção dos domicílios sem renda do trabalho subiu de 19% no primeiro trimestre de 2014 para 22,7% de janeiro a março de 2019, aponta pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
Quase um quarto dos domicílios brasileiros viveu sem renda decorrente de trabalho no primeiro trimestre de 2019, revelou um estudo divulgado nesta terça-feira (18) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
A proporção dos domicílios sem renda do trabalho – onde se incluem aposentados, Bolsa Família, investimentos em ações, entre outros – subiu de 19% no primeiro trimestre de 2014 para 22,7% de janeiro a março de 2019. Foi o maior crescimento entre todas as faixas de renda pesquisadas pelo Ipea. Já os domicílios que vivem de renda alta pouco se mexeram em cinco anos, caindo de 2,2% para 2,1%.
“Hoje, 22,7% dos domicílios não têm nenhuma renda do trabalho, o que é muita coisa. A crise bateu muito forte no mercado de trabalho e mais fortemente no trabalhador menos escolarizado, com emprego de pior qualidade e esse trabalhador tem sofrido mais com a crise”, explicou a economista Maria Andréia Lameiras, técnica em planejamento e pesquisa do Ipea, órgão ligado ao Ministério da Economia.
O Ipea identificou também uma alta na parcela de desempregados que estão nessa situação há mais de dois anos. No primeiro trimestre de 2015, quando o emprego começou a declinar no País, essa parcela representava 17,4% do total, subindo para 24,8% no primeiro trimestre deste ano, ou 3,3 milhões de pessoas. Em quatro anos, o crescimento das pessoas que estão há mais de dois anos sem emprego foi de 42,4%, segundo o Ipea.
“Isso mostra que o mercado de trabalho é o pior retrato da crise econômica que o Brasil está passando. Estamos saindo da crise, mas muito lentamente, e o mercado de trabalho reage depois da economia como um todo”, avaliou Lameiras.
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