Trabalhadores de diversas categorias, no país inteiro, aderiram à greve geral
Pela terceira vez em 30 dias, manifestantes tomaram as ruas do Centro de Florianópolis como parte de uma mobilização nacional contra a reforma da Previdência e contra os cortes na educação. Os organizadores estimam que cerca de 20 mil pessoas participaram da passeata, que começou às 16h, em frente à Catedral e seguiu em direção à Avenida Beira-Mar. A Polícia Militar fala em 10 mil pessoas.
Em Florianópolis, a Greve Geral convocada pelas centrais sindicais para esta sexta-feira levou à paralisação do transporte público. Bancários decidiram, pela manhã, participar do movimento, que também teve adesão de algumas escolas particulares. Trabalhadores do ensino público municipal pararam suas atividades no dia anterior, por tempo indeterminado, por conta das negociações salariais e de melhores condições de trabalho com a prefeitura, e também protestaram hoje (14) contra a reforma da previdência. Estudantes e servidores públicos federais reforçaram o protesto na tarde desta sexta-feira.
Na UFSC, os professores não paralisaram oficialmente. A Apufsc consultou a categoria sobre a adesão ou não à greve de um dia, por meio de votação eletrônica, mas por falta de quórum não foi possível deliberar sobre o assunto. A diretoria da Apufsc apoiou o movimento nacional as mudanças na aposentadoria propostas pelo governo Bolsonaro e contra os cortes na Educação.
No País inteiro, trabalhadores de diversas categorias cruzaram os braços. Motoristas de ônibus, bancários, professores, caminhoneiros, metalúrgicos, químicos, servidores públicos e profissionais da saúde, portuários e metroviários aprovaram paralisação em assembleia.
O movimento reuniu trabalhadores, aposentados e estudantes com histórias distintas mas com causas comuns.
A professora aposentada do CED-UFSC, Ida Mara Freire, de 58 anos, estava na passeata com sua filha, Jamile, de 14 anos. Carregava um cartaz: “Educação para todes”. “Já participei da Diretas Já, do Fora Collor e agora estou aqui defendendo a Educação”, afirmou. “Quero que minha filha e minha família aprendam isso.” Ela também tem consciência de que, mesmo já sendo aposentada, também será afetada pela reforma da previdência. “Não tem como ignorar o que está acontecendo só porque você está aposentado. E além disso, assim como eu tenho o direito de hoje me aposentar, quero que os meus colegas que estão vindo atrás possam fazer o mesmo.”
Figura conhecida em Florianópolis, o diretor da Editora Insular, Nelson Rolim, também estava entre os manifestantes. “Assim como em 1968 eu fui pela primeira vez às ruas nas grandes mobilizações, estou hoje aqui”, disse. “Hoje estamos vivendo uma situação semelhante com um governo antidemocrático e com um ataque às nossas conquistas.”
“É isso que nos une hoje”, disse o professor do Centro de Ciências da Educação da UFSC, Jéferson Silveira Dantas, que foi às ruas hoje para “lutar contra o ultraconservadorismo, e contra medidas drásticas que atingem a classe trabalhadora e o povo brasileiro.”
O casal Fernando e Leda Scheibe, ambos com 77 anos, já viram muitas crises na educação enquanto lecionaram na UFSC – ele foi professor no CFH e ela no CED. Embora não estejam mais no dia a dia na universidade, se sentem na obrigação de participar de mais esta mobilização. “Nós temos uma vida inteira de luta pela educação.É só através da luta e da manifestação que a gente consegue manter a educação pública, gratuita, laica e de qualidade e diferenciada no sentido das classes menos favorecidas. Por isso estamos hoje na rua”, disse Fernando.
“Sobre reforma da previdência, tenho filhos e tenho netos e preciso pensar também na continuidade da vida deles, que está sendo absolutamente atacada por esse maluco plano do Guedes que só pensa no rentismo e nas entidades financeiras.” Leda concorda com o marido. “Estamos vendo tudo desmoronar. É hora de nos juntarmos às lutas dos estudantes, dos professores e dos pais.”
“Já participei da Diretas Já, do Fora Collor e agora estou aqui defendendo a Educação”, disse Ida
Nelson Rolim comparou o momento atual com o período da ditadura militar, quando ele também foi às ruas
Professor do Centro de Ciências da Educação da UFSC, Jéferson Silveira Dantas, também foi às ruas
Fernando e Leda Scheibe : aos 77 anos, uma história de luta pela educação
Fotos: Lara Lima, Giovanni Vellozo, Pâmela Andressa e Eduardo Meditsch