Os programas acadêmicos da UFSC não foram afetados pelo novo corte de bolsas feito pela Capes, anunciado na última terça-feira (4), e que levou ao bloqueio de mais 2.724 benefícios no País.
Os cortes atingiram cursos que, nas duas últimas avaliações, tiveram notas 3 ou que registraram redução da nota de 4 para 3 na última avaliação realizada pelo órgão. Nenhum dos programas acadêmicos da UFSC se enquadram nessa situação, segundo Juarez Vieira do Nascimento, superintendente de Pós-Graduação da universidade. Na UFSC, os cursos que tiveram notas 3 nas últimas duas avaliações ou que passaram de 4 para 3, são os de mestrado profissional, que não recebem bolsas da Capes.
Nas estaduais paulistas (USP, Unesp e Unicamp), 65 dos 101 auxílios em cursos enquadrados nesse critério foram cortados.
A Capes já havia anunciado, em maio, cortes de 3.474 bolsas de pós-graduação (85 na UFSC). Os bloqueios, nessa primeira etapa, de acordo com o governo, atingiam cursos com vagas ociosas, ou seja, que estavam abertas, mas sem preenchimento. Com a nova medida anunciada nesta terça, portanto, o número de auxílios cortados chega a 6.198.
O governo informou que o bloqueio não afeta quem já recebe o benefício. Serão congeladas bolsas que estavam previstas para os programas de pós-graduação em 2019 – a maioria com processo seletivo em andamento.
Em números absolutos, as instituições que tiveram mais cortes de bolsas de mestrado e doutorado foram a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), na Paraíba, seguida pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). As três tiveram, respectivamente, 183, 168 e 123 bolsas congeladas.
Considerando todas as instituições da Região Nordeste, a proporção de cortes em relação ao total de auxílios oferecidos, em cursos mal avaliados, foi de 65%, mesma porcentagem das regiões Sul e Sudeste. Nas Regiões Centro-Oeste e Norte, houve menos cortes (53,4% e 31,54%, respectivamente). Segundo o governo, a diferença foi feita para “resguardar a política de redução de assimetrias regionais”.
Em nota, a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) criticou a medida, que, segundo o órgão, “agrava ainda mais a concentração da pesquisa no centro-sul e perpetua as desigualdades regionais do País”.
Anderson Ribeiro Correa, presidente da Capes, disse nesta terça que espera que esse seja o último bloqueio. Segundo ele, as bolsas que estão sendo congeladas podem ser retomadas se houver melhoria do cenário econômico, mas não há um prazo determinado para isso. Correa também justificou que os cortes ocorrem apenas para as instituições que têm “a menor nota possível para cursos em vigor”. “Como estão no limite há dez anos, estão deixando de ter prioridade.”
Nota da ANPG
A Associação Nacional de Pós-Graduandos divulgou uma nota, nesta quarta-feira (5), contra os cortes das bolsas. ˜Diante do exposto, podemos perceber que o governo Bolsonaro e o ministro Weintraub destroem o patrimônio educacional e científico brasileiro, construído há mais de 50 anos, e condenam o povo brasileiro a um ciclo de desigualdades e subdesenvolvimento˜, diz o texto.
A entidade também manifestou apoio e adesão à Greve Geral dos trabalhadores que ocorre no dia 14 de junho.
Leia a nota na íntegra: ANPG