O tema da filiação nacional expressou, entre outros, a possibilidade ou a necessidade de se conviver articulada e permanentemente com nossos outros colegas docentes organizados nas AD”s e Sindicatos Autônomos em nível nacional. E essa foi a vontade da maioria expressa realizada a partir da AG de 22 de abril com votação online entre 24 e 26 de abril. Contudo, as formas como se organizam essas relações podem ser diversas e é esse o objeto desse breve artigo e das discussões que ora se iniciam visando ao processo democrático de decidir a que entidade nacional nos filiaremos.
Concretamente, no setor universitário, temos atualmente dois modelos e duas entidades que se estruturam em torno desses: ANDES- Sindicato Nacional e PROIFES–Federação. Os próprios nomes já nos trazem indicadores que muito nos permitem reflexão. ANDES é um sindicato nacional, único, e em torno do qual gravitam as seções sindicais. Já o PROIFES é uma federação de sindicatos autônomos, que se juntam por livre escolha. Há ainda uma terceira vertente (modelo independente) que são sindicatos que não estão filiados a nenhuma dessas duas entidades, cuja base é local (universidade/campi ou regional, como é nosso caso APUFSC-Sindical- SC).
Diante da atual conjuntura adversa em que devemos nos mobilizar para a defesa dos interesses da categoria e da instituição pública, temos que debater as duas alternativas que nos permitem a representanção nacional, o que significa também reconhecer suas trajetórias políticas, práticas sindicais e exigências estatutárias.
É nesse desafio que precisamos avaliar qual das entidades nos permitirá: 1) manter a nossa autonomia sindicald+ 2) a defesa dos interesses da categoria de forma que a pluralidade de ideias esteja preservadad+ 3) que o impacto da contribuição financeira para com a entidade nacional não influencie na vida do nosso sindicato.
O que a história nos ensina sobre a relação da APUFSC com entidade nacional? A única filiação que a APUFSC teve foi com o ANDES-SN, do qual nos desfiliamos em 2009, para nos tornamos um sindicato autônomo. Práticas sindicais burocratizadas, pouco transparentes e pouco democráticas marcaram aquele período de um sindicato de poucos e para poucos que nos levou à desfiliação. Poucos filiados presentes em AG”s intermináveis decidiam greves, gastos e posicionamentos sobre temas de toda ordem – inclusive não educacionais. Imperavam o desrespeito à pluralidade ideológica e as discussões sectárias. Tudo isso era uma prática recorrente nos fóruns sindicais da APUFSC e tudo isso era possível devido a um estatuto tutelado pelo modelo organizativo e jurídico baseado na centralidade ao ANDES-SN (a APUFSC era um apêndice enquanto Associação Docente do Andes e, portanto, não autônoma). Forma (organizativa e práticas) e conteúdo de temas sindicais, portanto, não se dissociam!
Ao optarmos, em 2009, por termos uma APUFSC autônoma aprendemos as responsabilidades, o valor e as consequências desse estatuto. Agora que decidimos nos relacionar nacionalmente com outras entidades docentes (AD”s), defendemos que uma escolha consciente preserve essa conquista da autonomia. As lições da história não podem ser ignoradas.
A história desses últimos dez anos em que não tivemos representação nacional, nos ensina que a categoria de docentes, renovada e com perfil de luta mais em torno dos aspectos da vida acadêmica, mostra uma propensão para com uma entidade plural, apartidária e de defesa dos interesses próprios da categoria profissional.
Assim, o PROIFES-Federação pode ser um ambiente mais adequado para estarmos representados politicamente no plano nacional e também estarmos representando, dentro da Federação, os interesses da nossa categoria docente. Por outro lado, sempre que for necessário, teremos liberdade para permanecermos ou não filiados, preservando assim nossa autonomia sindical.
Wilson Erbs é Professor do Departamento de Quimica, ex-Presidente da APUFSC (2014 a 2018)
Valmir Oleias é Professor do Departamento de Educação Física, ex-Vice presidente da APUFSC (2015 a 2018)