Rosendo A. Yunes*
Os êxitos da ciência e da tecnologia são evidentes. Tem proporcionado uma grande capacidade para explicar, controlar e transformar o mundo.
Vivemos na denominada “sociedade do conhecimento”. Isto indica a importância do conhecimento, pela sua incorporação a processos produtivos e de serviço, pela sua participação nos governos e incluso na vida familiar.
Por este motivo no somente necessitamos saber de ciência e tecnologia, assim como saber sobre ciência e tecnologia. A ciência e tecnologia atualmente são inseparáveis, porque são atividades quase indistinguíveis. É difícil saber se um cientista que está trabalhando em pesquisa e desenvolvimento esta fazendo ciência ou tecnologia
O que sabemos com toda clareza é que a capacidade cientifica-tecnológica definem em grande medida o poder mundial. .
Por isto as grandes empresas transnacionais dominam esta área. Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 250 transnacionais realizam o 70% de gastos em pesquisa e desenvolvimento, tem o 70% das patentes e significativamente 80% em tecnologias da informação e comunicação que dominam o mundo ocidental (El País 09/11/2015).
Lamentavelmente este poder mundial esta muito mal distribuído. A grande maioria da capacidade cientifica e tecnológica reside em Europa e alguns poucos países que lograram se incorporar como EEUU, Rússia , Japão, Coreis do Sul e atualmente China e Iráo.
Este governo enquanto não estimula as capacidades nacionais, acredita que o desenvolvimento chegará da mão de recursos e inversões estrangeras. Estas misturas de neoliberais e fascistas acreditam que as tecnologias importantes se podem ser importadas, que o país mais egoísta, individualista, e imperial do mundo vai contribuir com o desenvolvimento do Brasil. Esta demonstrado historicamente que nada de isso vai acontecer, ao contrario EEUU sempre atacou a soberania autentica dos dois países que podiam conseguir liberar América Latina: Brasil e Argentina.
A política atual é criar uma crise orçamentaria e institucional, a crise de sentido faz tempo que está instalada. Porque é a ideia do Brasil potencia que, com todas as criticas logicas que merece, existia na ditadura militar, e tem desaparecido lentamente. O governo do PT procurou tardiamente recuperar esta ideia sem objetivos claros e definidos e de uma forma não organizada..
Assim, salvo alguns casos isolados, como a Codetec (Companha de Desenvolvimento Tecnológico), da Universidade de Campinas, que conseguiu criar muitas empresas farmacêuticas nacionais entre 1980-1990, que foram posteriormente destruídas com o governo neoliberal de Collor, ao aplicar seu dogma de livre mercado, que evidentemente permite aos poderosos destruir a seus fracos competidores.
O mesmo ocorreu, com os projetos da Central de Medicamentos (CEME) que existia no Ministério de Saúde, respeito do desenvolvimento de Fitofármacos. O país investiu 100 milhões de US$ para desenvolver 6 fitofármacos de qualidade. Como vamos explicar na frente, somente um, pelo esforço de uma empresa privada e um professor desta universidade foi produzido: o Acheflan que conseguiu grande parte do mercado de anti-inflamatórios de uso externo.
Também existiu uma pequena indústria automobilística nacional: a Gurgel que no governo neoliberal de Fernando Henrique Cardozo ao inves de ser estimulada, ajudada, foi condenada a morrer.
No entanto quando se analisa el desenvolvimento dos denominados “tigres asiáticos” podemos observar que em todos eles o modelo foi um Estado muito ativo na regulação da economia, com protecionismo, com isolamento do mercado interno da influenza estrangeira, para estimular a competitividade do aparato produtivo nacional e aceder ao modelo tecnológico ( Asien E.R. Observatorio Iberoamericano de la Economia y la Sociedad de Japon” 7, Julio 2015), todas politicas inversas a deste governo entreguista da soberania do Brasil.
A pergunta recorrente é: Como Coreia do Sul que em 1950 estava na miséria com um PIB correspondente a metade do Brasileiro agora é um potencia industrial? O presidente Park Chung-Hee, que assumiu a presidência através de um golpe militar em 1961, durante seu mandato de 18 anos comandou um grande programa de desenvolvimento industrial. Com a lei marcial forçou os coreanos ricos, que ele considerava corruptos, a investir na indústria do próprio país. Além, teve a importante ajuda de EEUU na época da guerra fria com a URSS.
Entre 1980-1990, Coreia aumentou seu numero de cientistas e engenheiros de 18 a 99 mil, um crescimento de 14% anual Em 1993, tinha 22 cientistas por cada 10 mil habitantes, enquanto Grand Bretanha tinha 21 e França 23.Atualmente abriga marcas valiosas como Samsung, Hyundai, Kia, Posco,. Coreia é a quarta maior fabricante de aço do mundo e a segunda em produção de chips.
Brasil tem somente 5 cientistas por cada 10 mil habitantes, enquanto Argentina tem 10 e Chile 3. Como sería possiovel inovar, criar novas industrias desta forma?
A oscilação entre ministros e governos nacionalistas no sentido econômico, e entreguistas sometidos a interesses de multinacionais, explicam porque o Brasil não conseguiu se desenvolver.
Por este motivo devemos criar a consciência clara e profunda que nosso país não pode se desenvolver e criar uma sociedade mais humana e fraterna, se em lugar do lema: “o governo deve “apoiar” a ciência e tecnologia”, devemos colocar o lema: “o país deve se apoiar na ciência e tecnologia para o verdadeiro desenvolvimento social e humano”.
* professor aposentado