Titular da Comissão de Educação da Câmara, o deputado João Campos também é vice-presidente da recém criada “comissão externa” de educação, que vai acompanhar as ações do ministério
O deputado federal João Campos (PSB), em entrevista ao portal UOL, declarou que os acontecimentos envolvendo a Educação são vergonhosos e classificou os cortes na área como “absurdo”. Campos está em seu primeiro mandato como deputado, assumiu como titular da Comissão de Educação da Câmara e, recentemente, tornou-se também vice-presidente de uma comissão especial externa, criada por Tabata Amaral, para fiscalizar o Ministério da Educação (MEC).
“É vergonhoso você defender esses cortes… Não tem argumento”, diz Campos, que é formado em engenharia civil pela Universidade Federal de Pernambuco e foi bolsista do CNPq durante um ano. “O que está acontecendo no MEC não é normal. É algo que gente mais experiente nunca viu. É uma guerra ideológica, um despreparo técnico, um desrespeito do que já construímos na educação brasileira. Então pelo fato atípico que tá se passando, se justifica criar uma comissão externa só para acompanhar o ministério”, explica.
A entrevista foi concedida paralelamente à audiência do ministro da Educação, Abraham Weintraub, na Câmara dos Deputados e aos protestos de centenas de milhares de pessoas em todo o país. Um de seus objetivos, apontou Campos, é reproduzir em nível nacional os bons resultados educacionais alcançados por Pernambuco na última década – hoje, é um dos estados com os melhores índices no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).
No início de abril, a deputada federal Tabata Amaral, solicitou instauração de Comissão Externa para acompanhar o andamento do Ministério da Educação. A parlamentar justifica o pedido à Comissão de Educação afirmando que, pelo que tudo indica, o ministro Abraham Weintraub não tem nenhuma experiência na área: “Ou seja, se antes já havia preocupação quanto ao cumprimento de prazos, agora sequer é possível imaginar o que se pretende no curto, médio ou longo prazo”.
Em texto publicado no jornal Nexo, a deputada afirma que a comissão “é a maior comissão externa já criada, com 59 deputados em diferentes posições do espectro ideológico, desde representantes do PSOL até o partido Novo”. Ainda de acordo com Tabata, alguns dos objetivos da comissão são: estabelecer qual é a visão estratégica, quais são os programas prioritários e como o MEC pretende alcançar esses objetivos (se é que eles já existem).
“Para além da atuação das seis secretarias e dez autarquias do MEC, estamos especialmente preocupados e focados em cinco áreas estratégicas, que estão hoje prejudicadas ou até mesmo paralisadas: a execução do orçamento do MEC, o Enem, as provas avaliadoras (como Saeb, ANA e Enade), a implementação da Base Nacional Comum Curricular e a formação dos professores”, explica.