Cerca de 10 programas de pós podem ser afetados em nova fase de cortes da Capes
A pró-reitora de Pós-Graduação da UFSC, Cristiane Derani, irá a Brasília no início de junho para tentar reverter os cortes de bolsas da Capes na universidade. A primeira onda de cortes, chamada fase 1, afetou 70 bolsas de pós-graduação, incluindo 15 de pós-doutorado. A Capes justifica o corte dizendo que os auxílios estavam ociosos, mas a universidade contesta: “Nossas bolsas não são ociosas, estavam em processo de remanejamento de um programa para outro justamente para evitar a ociosidade”, diz Juarez Vieira do Nascimento, superintendente de Pós-Graduação. Segundo ele, “a universidade vai fazer todos os esforços para reaver esses auxílios”.
Entretanto, esses cortes podem ser só o começo. A fase 2 de restrições na Capes, que ainda não foi implementada, pode atingir os cursos notas 3 e 4 no conceito Capes. É o que diz uma nota do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação (Foprop), que se reuniu com a Capes no dia 9 de maio. Segundo o relato da reunião, seriam afetadas 60% das bolsas dos programas nota 3 e 30% dos que repetiram a nota 4 nas duas últimas avaliações.
Na UFSC, 10 dos 65 programas repetiram a nota 4 e poderiam ser incluídos. Segundo Juarez, “são programas novos, com um doutorado muito recente e que acabaram de subir da nota 3 para a 4, e estão buscando a 5”. Entretanto, o superintendente acredita que a universidade não será afetada. “O número de cotas de bolsas destes cursos novos de doutorado é muito baixo se comparado com os mais antigos que possuem nota 5 ou superior.”
As informações sobre os novos cortes ainda não foram confirmadas pela Capes. “São fontes secundárias. O Foprop se reuniu com o segundo escalão da Capes. A [Diretora de Programas e Bolsas no País] Zena Martins não esteve presente. Nossa próxima reunião será no início de junho, quando a pró-reitora irá à Brasília apresentar a justificativa dos programas que tiveram as bolsas bloqueadas e tentar reverter essa situação.”
Para o secretário-executivo do Foprop, Lucindo Quintans Júnior, que esteve na reunião do dia 9, o governo está atrelando a política educacional ao Ministério da Economia, e colocando em risco décadas de avanços. “Acredita-se que esses cortes serão revertidos se a reforma da previdência for aprovada. Acho estranho condicionar toda a política educacional do país a uma reforma”, diz. “Se não houver uma luta muito grande agora, todo esse crescimento da Pós-Graduação brasileira pode ser perdido.”
Lucindo também critica a estratégia dos cortes. “Há uma tendência de valorizar os cursos de excelência. A grande maioria dos cursos não estão nos grandes centros e serão prejudicados. O sistema não suporta mil cursos nota 7 por área. Quem está trabalhando para subir no conceito enfrenta cada vez mais dificuldades, porque não há fomento. Essa é a nossa preocupação”, diz.
Victor Lacombe