Capes suspende 71 bolsas de mestrado e doutorado na UFSC

 

O governo Bolsonaro bloqueou bolsas de mestrado e doutorado oferecidas pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Na UFSC, 71 bolsas gerenciadas pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação (Propg) desapareceram do sistema, ontem, e não estão mais disponíveis. São 36 bolsas de doutorado e 35 de mestrado.

Há relatos de bolsas suspensas em diversas instituições, segundo informação da Folha de S. Paulo. No Instituto de Biociências da USP, 38 bolsas foram cortadas —17 de mestrado, 19 de doutorado e duas de pós-doutorado. Na Unicamp, ao menos 40 bolsas foram suspensas. Na Universidade Federal do Ceará, 61.

A Capes, até agora, não deu qualquer explicação sobre o bloqueio. As bolsas estavam vagas e seriam alocadas para novos bolsistas. “O sistema agora está fechado para substituição de bolsistas”, diz Juarez Vieira do Nascimento, superintendente de Pós-Graduação da UFSC.  Segundo ele, as bolsas bloqueadas integram o Programa Demanda Social (DS).

O corte pegou as universidades de surpresa e atingiu não só áreas de humanas, que a gestão do ministro Abraham Weintraub disse não ser prioridade do investimento público, mas também as de ciências.

Em nota, a  Universidade Estadual de Campinas disse ter sido pega de surpresa e reclamou da “insensatez da medida”.  “Percebeu-se que o sistema para o cancelamento e atribuição de bolsista estava fechado justamente no período do mês que deveria estar aberto para tais remanejamentos. Foram recolhidas bolsas que estavam há apenas 15 dias ‘ociosas’, muitas vezes aguardando justamente a abertura mensal do sistema da Capes para a indicação do bolsista”, diz nota da pró-Reitoria de Pós-Graduação.

A Capes foi um dos órgãos atingidos pelo contingenciamento promovido pela gestão Bolsonaro. No total, foram congelados R$ 819 milhões, ou 19% do valor autorizado, segundo dados da semana passada. O maior volume de corte é nas bolsas de pesquisa no ensino superior: R$ 588 milhões, ou 22% do previsto.

O órgão havia informado, na semana passada, que haveria o congelamento de todas as bolsas ociosas identificadas nos programas de pós-graduação. O temor entre pesquisadores é qual será o critério para o entendimento de ociosidade, o que pode impactar na não renovação do número atual de bolsas.

A ANPG (Associação Nacional de Pós-Graduandos) já questionou a Capes nesta quarta-feira sobre o tema, mas não obteve resposta.

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N.O.