Na Universidade Federal Fluminense, o corte de 30% pode significar entre R$ 44 milhões e R$ 61 milhões, dependendo da planilha considerada, afirma o reitor
O corte de 30% no orçamento das universidades públicas anunciado pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, “praticamente inviabiliza a faculdade”, informa o reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo. A UFF foi uma das três instituições citadas pelo ministro ao falar em cortes por “balbúrdia” nesta semana – no mesmo dia (30 de abril), o MEC recuou e estendeu o bloqueio para todas as federais.
Dependendo da planilha considerada, o corte na UFF pode ser de R$ 44 milhões ou de R$ 61 milhões, diz o ministro. Como a instituição já vinha funcionando com um déficit de R$ 30 milhões anuais nas despesas discricionárias, não obrigatórias, o bloqueio de 30% no orçamento torna a situação ainda mais crítica.
“Fica uma situação de insustentabilidade. Vamos ter de cortar desde serviços básicos de limpeza a apoio a alunos para eventos e congressos. Com esse corte, vamos, mal, pagar conta. E tem de sobrar para pagar água e luz. Se não, nem abro a porta”.
Em relação à acusação do ministro da educação de que o ambiente da UFF é de “balbúrdia”, o reitor ressaltou que a universidade, que integra 50 mil pessoas em nove municípios, desempenha papel fundamental na formulação de políticas públicas e também “no atendimento da população seja pelos hospitais universitários, seja pelos projetos de extensão. É uma pena ver um ministro fazer uma avaliação tão séria por ato que não está claro. A UFF é um ambiente de ensino e não de “balbúrdia”.
O reitor criticou a falta de comunicação do MEC com as universidades. “Não há um canal aberto. A gente, por exemplo, não recebeu uma visita do ministro na Andifes, o que é praxe sempre que há uma troca de gestor no MEC. Mas o que eu vejo é que existe uma confusão no governo. Ocupar o governo não lhe dá a atribuição de definir todas as direções sobre tudo”.
Questionado sobre a última declaração do ministro da educação no Twitter, de que vai investir menos nas universidades para investir mais na educação infantil, o reitor salientou que, de acordo com a Constituição, a educação básica e média são atribuições dos municípios e Estados, enquanto a educação superior é dever da União.
“Então, a União vai estar se “desresponsabilizando” do ensino superior, que é um preceito constitucional? É uma discussão muito mais ampla do que um mero tuíte de duas linhas que diz que é mais importante creche do que universidade. Não, por favor, vamos debater sobre o tema. É tão importante no País a educação básica quanto a superior”.
Leia mais: O Estado de São Paulo