Segundo o deputado Wellington Moura, que propôs e preside a CPI, a comissão vai defender cobrança de mensalidades nas universidades
Nesta quarta-feira (24), foi instalada na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) uma Comissão Parlamentar de Inquérito com o objetivo, de acordo com seu requerimento, de “investigar irregularidades na gestão das universidades públicas”.
O presidente e propositor da comissão, Wellington Moura (PRB), em entrevista ao jornal Estadão, defendeu o “desaparelhamento” da esquerda nas universidades de São Paulo (USP), Estadual Paulista (Unesp) e Estadual de Campinas (Unicamp).
Questionado por parlamentares da oposição, Moura disse que o objetivo da CPI é investigar gastos acima do teto e repasses de recursos. No entanto, em entrevista logo após a sessão, afirmou que “cobrança de mensalidade é uma coisa que está sendo discutida. O deputado Daniel José (Novo) propôs e acredito que será discutido entre todos os deputados da CPI e da Assembleia. Essa é uma proposta que podemos apresentar a reitores das universidades”.
O presidente da CPI ainda defende o fim da lista tríplice na escolha dos reitores, e propõe que “a comunidade acadêmica apresente um nome e o governador e os deputados apresentam os outros. Se der empate, o governador escolhe”.
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Negado pedido de suspensão da CPI
Na terça-feira (23), o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) indeferiu uma liminar para suspensão imediata da CPI das Universidades. O pedido foi protocolado pela deputada Beth Salão (PT), questionando a não apresentação de motivos legais para a instalação da comissão.
Risco à Autonomia Universitária
O site Observatório do Conhecimento publicou nesta quarta-feira uma análise do presidente da ADunicamp e um de seus porta-vozes, o professor Wagner Romão, sobre os riscos da CPI à autonomia universitária, garantida na Constituição de 1988.
Romão destaca um “flagrante desvio entre o que aponta o requerimento do propositor e o que ele tem dito na imprensa”. Ele ainda vê a criação da comissão como um movimento para esvaziar outras CPIs potencialmente desfavoráveis ao governo do estado, como a CPI da Dersa – estatal paulista de rodovias investigada pela Operação Lava Jato.
O professor ainda aponta para uma possível complicação nos rumos da comissão, uma vez que os objetivos não estavam claros para todos os parlamentares.
“O nível de irracionalidade que domina esse setor mais extremo da CPI e do plenário da Alesp pode gerar alguma dificuldade para a permanência da comissão ou sobre o seu próprio andamento”. Ele cita um vídeo do deputado Barros Munhoz (PSB), que circulou na internet questionando as falas de Wellington Moura, uma vez que na justificativa do pedido de CPI nada constava sobre “o esquerdismo nas universidades”. No vídeo, Munhoz pede o fim da “maldita guerra ideológica entre esquerda e direita”.
Ouça o áudio completo: Observatório do Conhecimento
V.C./L.L.