Ajuda de R$180 por semestre era destinada a alunos de baixa renda
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) suspendeu o pagamento do Auxílio de Material de Ensino (AME) para estudantes cotistas ou de baixa renda. Em um e-mail enviado aos alunos em 10 de abril, a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) comunicou a suspensão do auxílio em razão do decreto do governo Bolsonaro que contingenciou 30% dos repasses a universidades para investimentos.
De acordo com a instituição, não existe previsão de retomada do pagamento. Pago em duas parcelas no valor de R$180, uma no início do ano e outra na metade, o AME é destinado à compra de materiais escolares.
O decreto 9.741 do governo Bolsonaro cortou cerca de R$5,8 bilhões em verbas para universidade públicas federais nas áreas de custeio e investimento. Na prática, significa um corte de 25% do orçamento de 2019. O contingenciamento atingiu vários ministérios, sendo os principais o MEC e o Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFRGS divulgou uma nota condenando a decisão. “A assistência estudantil é o real garantidor das ações afirmativas e do início da popularização do ensino público. (…) Cortar esses recursos é atacar diretamente o conjunto de estudantes que vive uma situação de vulnerabilidade, colocando em risco a permanência na Universidade”, disse a entidade.
Cortes também em Uberlândia
No fim de março, a Universidade Federal Uberlândia (UFU) anunciou que 238 bolsas de Iniciação Científica foram canceladas. Isso aconteceu porque a Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) cortou quase cinco mil bolsas de incentivo em todo o Estado. Os investimentos na Fapemig caíram de R$ 300,7 milhões em 2018 para 6,7 milhões em 2019. Em entrevista ao G1, no início do mês, o diretor de Pesquisas da UFU, professor Kleber Del Claro, disse que as perdas das pesquisas geram prejuízos para toda a sociedade.
“Vale lembrar que das pesquisas de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado da UFU podem sair soluções que impactam positivamente no dia a dia da sociedade, que geram economia e desenvolvimento”, afirmou. Del Claro lembra que, além da interrupção dos estudos, a falta de financiamento pode levar a outro problema grave: os pesquisadores brasileiros passarem a aceitar trabalhos no exterior.
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