Marcelo Carvalho
Estamos diante de um processo ambíguo conduzido por uma Diretoria e por um CR que talvez não percebam claramente o que significa um sindicato livre e independente. De fato, em nota recente, a Diretoria da APUFSC reconhece que
“…as opções de filiar-se agora ao Andes-SN e ao Proifes-Federação exigem estabelecer vínculos estatutários que afetam o grau de nossa autonomia e estabelecem obrigações financeiras e a processos decisórios,…”
Mas, de forma ambígua, a Diretoria também defende que a
“Apufsc-Sindical (esta e também as que virão) participe de fóruns das entidades sindicais, de encontros e eventos nacionais, e outras formas de participação possíveis sem nos vincular a tais entidades. Isso preserva nossa autonomia nas decisões sobre temas importantes, como a decretação de greves, associações com entidades que não são do campo educacional, etc. Também dá liberdade de atuação à Diretoria, mas nos marcos de nosso estatuto.”
Ciente dos riscos, a Diretoria, no entanto, afirma que
“A Diretoria defenderá esta posição na Assembleia Geral, sem prejuízo à manifestação das demais posições sustentadas por filiados ao longo deste debate, pois a decisão será tomada na votação online. O respeito de todos ao resultado que sair da AG é fundamental, pois nossa força e vigor está num coletivo plural, que respeita e preserva a unidade em nossas lutas. “
É exatamente aqui que se pode facilmente armar um golpe.De fato, como a AG do primeiro dia não requer um quórum mínimo (que favorece o vício do assembleísmo tão presente na aberração que é a ANDES), pode-se fazer proposições de última hora nas questões que serão votadas, assim, por exemplo, alguém pode ser induzido a votar na ANDES ou no PROIFES achando que isso manterá a autonomia da APUFSC como parece ser o desejo manifestado pela Diretoria, contudo, isso está explícito na questão que será proposta? O associado que eventualmente votar na ANDES ou no PROIFES estará ciente se com esta escolha a APUFSC manterá ou perderá sua autonomia?
Ora, se a Diretoria da APUFSC está mesmo zelosa e empenhada em conduzir um processo que seja o mais claro possível, por que não fixar então as questões a priori antes da votação ? Por que permitir que a AG do primeiro dia, que deveria ser apenas de discussão de propostas já previamente conhecidas, possa fazer proposições em relação às questões que serão postas em votação? Será que isso não produzirá uma confusão nos associados?
Não seria mais claro e razoável se as opções a serem votadas fossem do tipo:
(A) Manutenção da autonomia da APUFSC não se associando nem a PROIFES nem a ANDES.
(B) Filiação da APUFSC a ANDES mantendo o atual estatuto e autonomia da APUFSC.
(C) Filiação da APUFSC a ANDES com a readequação do estatuto da APUFSC ao estatuto do ANDES.
(D) Filiação da APUFSC ao PROIFES mantendo o atual estatuto e autonomia da APUFSC.
(E) Filiação da APUFSC ao PROIFES com a readequação do estatuto da APUFSC ao estatuto do PROIFES.
Fica evidente a forma inapropriada com que a atual Diretoria está conduzindo o processo, e como não há indicação alguma de que terão o bom senso de corrigir isso a tempo só nos resta participar deste processo capenga e aceitar o resultado, qualquer que seja. Da mesma forma, caso os associados decidam manter a APUFSC como está, sem se filiar nacionalmente nem a ANDES nem a PROIFES, me parece uma questão de honestidade intelectual que toda a atual Diretoria renuncie, pois na sua nota a Diretoria expressa que
“a organização sindical da Apufsc, que é de base estadual, não é suficiente para enfrentar lutas nacionais.”
reconhecendo então a sua plena incapacidade em conduzir a APUFSC sem que esteja nacionalmente filiada a algum sindicato de abrangência nacional.
Marcelo Carvalho / MTM