Weintraub diz que escolherá reitores “dentro do que achar conveniente”

Em entrevista ao Estadão, o novo ministro da Educação falou sobre a política do MEC para universidades federais

Ao falar das universidades federais em sua primeira entrevista depois tomar posse como ministro da Educação, Abraham Weintraub disse ao Estadão que certas áreas do conhecimento devem ser priorizadas em detrimento de outras.

“Não sou contra estudar filosofia. Mas imagina uma família de agricultores que o filho entrou na faculdade e, quatro anos depois, volta com o título de antropólogo? Acho que ele traria mais bem-estar para ele e para a comunidade se fosse veterinário, dentista, professor, médico. O Japão direcionou recursos públicos para coisas mais objetivas e materiais.”

Quando perguntado se respeitará a escolha das universidades federais na sua indicação para reitor, respondeu que “vou escolher o que eu achar mais conveniente”. E prosseguiu:  “Quem paga as universidades federais são os pagadores de impostos. É o agricultor, é o motorista de ônibus. Nós todos morando no Brasil. Quando vão na universidade federal fazer festa, arruaça, não ter aula ou fazer seminários absurdos e abjetos que agregam nada à sociedade é dinheiro suado que está sendo desperdiçado num país com 60 mil homicídios por ano e mil carências.”

O economista e professor da Unifesp foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro após um mês de crise no MEC, causada pela disputa entre olavistas e militares, que culminou com a saída de Vélez Rodríguez.

Ao falar sobre o Escola Sem Partido, o ministro disse não ter opinião formada, mas seguiu o discurso de Bolsonaro de que política não devia ser discutida em escolas. “Sou contra qualquer discussão política até o ensino secundário.” Ontem, na cerimônia de posse de Weintraub, o presidente disse que “queremos uma garotada que não se interesse por política, mas que aprendam coisas que as levem para o espaço”.

O ministro também respondeu questões a respeito de iniciativas do presidente na área, como uma comissão ideológica no ENEM. “Garanto que não haverá nenhum problema [se o presidente pedir para ler o ENEM]. Mas ele não deveria perder tempo lendo questões do ENEM.”

 

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V.L. / N.O