A biofísica Denise Pires de Carvalho aguarda a nomeação do presidente Jair Bolsonaro, responsável pela decisão final de quem assumirá o cargo
O resultado da consulta pública para reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a maior do país, foi divulgado na manhã do último sábado (6), após quase 24 horas de contagem de votos.
Pela primeira vez na história, após quase cem anos da sua fundação, a UFRJ elegeu uma mulher para o cargo de reitora: a biofísica Denise Pires de Carvalho. A consulta foi realizada entre os dias 2 e 4 de abril e, durante a campanha, em entrevista ao O Globo, Denise afirmou que a UFRJ deve passar por uma revisão de seus gastos para poder se manter.
“O foco será em manter a universidade aberta. É isso que a gente pode fazer. Não tem como mudar muito, o orçamento já está fechado e temos quatro meses de dívida de luz, 26 meses de água sem pagar, mais o déficit do restaurante universitário. É preciso planejar, priorizar e cortar. Não tem jeito. Depois, vamos tentar aumentar o orçamento. Educação não é gasto, é investimento”, afirmou.
Em entrevista após a divulgação do resultado, Denise afirmou ainda que vai defender a autonomia da universidade e blindá-la para que todo tipo de debate seja respeitado. Com um discurso em defesa da igualdade de gênero nos cargos de liderança, Denise de Carvalho diz que pretende ampliar as creches universitárias e vai estudar medidas para facilitar o acesso das mulheres às bolsas da instituição.
A escolha de Jair Bolsonaro
Embora eleita com um percentual maior de votos do que os dois outros concorrentes, a biofísica ainda deve aguardar a nomeação do presidente Jair Bolsonaro.
Como ocorre tradicionalmente nas universidades federais, a consulta interna resulta na elaboração da lista tríplice de nomes enviada à presidência da República. A decisão final sobre quem dirigirá a UFRJ até 2023 é de Bolsonaro, a partir dos três nomes enviados.
Por tradição, o presidente escolhe o primeiro nome da lista, mas não está legalmente obrigado a isso. Jair Bolsonaro já anunciou que pode nomear reitores que não sejam os mais votados nas eleições de cada universidade.
Denise de Carvalho disse ao O Globo que o presidente não teria motivos para evitar sua posse e que pretende ter uma relação de parceria com o Ministério da Educação (MEC), independentemente de quem estiver à frente da pasta.
“Tenho uma trajetória de dedicação à universidade, sempre com o nome da UFRJ acima de qualquer questão, e é assim que pretendo continuar agindo, não só nos próximos quatro anos como reitora, mas durante toda minha trajetória como docente. Não há motivo para a nomeação não acontecer”.
C.G./L.L.