Associações de docentes de algumas universidades brasileiras se uniram de forma independente com o objetivo de monitorar as decisões políticas sobre educação, mobilizar a sociedade e garantir a natureza pública dessas instituições, com pluralidade de pensamentos e de abordagens científicas. A iniciativa, liderada pela Associação de Docentes da UFRJ, foi batizada de Observatório do Conhecimento.
O site já está no ar, mas a plataforma só será lançada oficialmente, no dia 16 de abril, na Câmara dos Deputados, em Brasília.
“O objetivo principal do Observatório do Conhecimento é monitorar as dotações orçamentárias e liberação de recursos federais em ciência e tecnologia e educação superior, defender a liberdade acadêmica, a liberdade de cátedra e atuar contra o obscurantismo político e ideológico no campo da educação”, disse o professor Wagner Romão, presidente da Associação de Docentes da Unicamp (ADunicamp) e um dos porta-vozes do Observatório.
Para atingir esses objetivos, as entidades já contrataram um escritório de Advocacy, termo usado para o chamado “lobby do bem”. Esses profissionais vão atuar principalmente no Legislativo, fazendo um acompanhamento parlamentar e apresentando a deputados e senadores causas de interesse dos docentes. Também estão programados eventos e debates nas universidades, com o intuito de envolver a comunidade universitária e a sociedade. Esses eventos devem tratar de assuntos como sistema de cotas, convivência religiosa na universidade, reformas trabalhista e da previdência. A terceira frente do projeto é a produção de conteúdo ligado à educação e políticas públicas.
O movimento não tem vínculo formal com Andes ou Proifes – as duas entidades nacionais que representam professores de universidades públicas brasileiras. A ideia, desde o princípio, foi criar um movimento que estivesse apartado dessa disputa entre entidades nacionais.
Por enquanto, além das associações de docentes da UFRJ e da Unicamp, também são parceiras da plataforma a Adufepe, Adufc, Apub, Adufg, Adurn e Adunifesp. Novas entidades estão em negociação para aderir ao projeto, que está previsto para terminar em setembro. “Como se trata de uma ação em defesa da educação e da ciência e tecnologia, toda entidade que compartilhar desses propósitos pode se tornar uma parceira efetiva do Observatório do Conhecimento”, ressalta Romão.
No site, o Observatório é descrito como uma iniciativa suprapartidária e independente, que “se mobiliza para enfrentar cortes de investimentos no orçamento do ensino superior, além de monitorar e denunciar políticas e práticas de perseguição ideológica a reitores, professores, alunos e pesquisadores” . “Há uma incrível beligerância do atual governo com relação às universidades, disseminação de notícias falsas, preconceito e ataques à autonomia universitária”, afirma Romão. “Projetos de lei que visam censurar e controlar o próprio exercício da docência são repugnantes e precisam ser combatidos.”
V.C. / N.O.