Secretária de Educação Básica se demite após MEC suspender avaliação

Tânia Leme de Souza não foi avisada sobre portaria que adia para 2021 teste que avalia nível de alfabetização 

A secretária de Educação Básica, Tania Leme de Almeida, pediu demissão do Ministério da Educação depois da publicação no Diário Oficial da União de portaria que suspende a avaliação de alfabetização de estudantes brasileiros. Segundo a Folha de S. Paulo, Tania não foi consultada sobre a medida. Essa é a quarta baixa no alto escalão da pasta. 

A portaria adia para 2021 o teste que avalia crianças de 7 anos com provas de escrita, leitura e matemática. O exame mede o nível da educação básica e fornece dados que apoiam a criação de políticas públicas voltadas para área.

Os testes são vinculados ao Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e as principais alterações são: a retirada dos alunos do 2º ano dos exames, a avaliação do ensino infantil por amostra e como estudo piloto (em um número reduzido de escolas) e a aplicação do teste de ciências da natureza e humanas para o 9º ano apenas em escolas públicas. As provas do Saeb serão realizadas em outubro e os resultados divulgados em 2020.

O Instituto Nacional de Estudos Educacionais Anísio Teixeira (Inep) informou que a interrupção da prova é necessária para que as escolas implementem a nova  Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e  se ajustem às políticas de alfabetização do governo Bolsonaro. A BNCC é o documento que define quais assuntos devem ser estudados na educação básica.

De acordo com o jornal O Globo, a prorrogação da prova chama atenção já que a alfabetização foi anunciada como uma das principais metas do governo nos 100 primeiros dias e, por causa do decreto, não será possível comparar se o ensino está melhorando ou piorando, pois a prova não ocorrerá em 2019.

Desligamento

A suspensão da avaliação foi a gota d´água para Tania Leme de Almeida, que já tinha pedido demissão na semana passada, mas foi convencida a ficar pelo ministro Ricardo Vélez Rodriguez. Tânia vinha sendo criticada pela ala do MEC ligada ao escritor Olavo de Carvalho. Quem pediu ao Inep a suspensão da prova foi o secretário de Alfabetização Carlos Nadalim, ex-aluno de Olavo e indicado para a pasta por ele. 

M.B. / N.O. 

Leia Mais: Folha