Com o congelamento da tabela do Imposto de Renda, os professores, assim como outros contribuintes, vão pagar mais imposto este ano do que pagaram no ano passado. Em 2018, começou a valer a segunda parcela da reestruturação da carreira dos docentes das universidades, o que elevou o rendimento da categoria. Mas os valores da tabela de Imposto de Renda por faixa salarial seguem sem atualização desde 2015.
O governo também não atualizou os principais descontos possíveis, como educação e saúde – embora esses gastos tenham sido reajustados ao menos pela inflação no ano passado. As perdas, portanto, vêm de todos os lados.
A falta de correção faz com que muitos contribuintes passem a pagar uma alíquota maior em relação ao ano anterior, uma vez que reajustes salariais (mesmo inferiores à inflação) podem fazer com que a pessoa entre em outra faixa de renda da tabela do IR.
Mesmo antes de 2016, primeiro ano do congelamento, o reajuste da tabela já era inferior à inflação:
Ano |
IPCA |
Correção da tabela |
2010 |
5,91 |
4,50 |
2011 |
6,50 |
4,50 |
2012 |
5,84 |
4,50 |
2013 |
5,91 |
4,50 |
2014 |
6,41 |
4,50 |
2015 |
10,67 |
5,60 |
2016 |
6,29 |
0,00 |
2017 |
2,95 |
0,00 |
2018 |
3,75 |
0,00 |
O governo federal tem dado sinais de que a tabela só será corrigida quando as contas públicas estiverem equilibradas. Segundo o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco), desde 1996, a defasagem inflacionária acumulada da tabela já chega a quase 100%.
Tabela atual do IR e simulação de tabela atualizada
Faixa de isenção |
tabela atual |
tabela corrigida pela defasagem acumulada desde 1996 |
isento |
Até 1.903,98 |
Até 3.689,93 |
7,5% |
De 1.903,99 até 2.826,65 |
De 3.689,94 a 5.478,07 |
15% |
De 2.826,66 até 3.751,05 |
De 5.478,08 a 7.338,47 |
22,5% |
De 3.751,06 até 4.664,68 |
De 7.338,48 a 9.169,34 |
27,5% |
Acima de 4.664,68 |
Acima de 9.169,34 |
Hoje o teto do desconto por dependente é de R$ 2.275,08 por ano. Com correção, poderia chegar a R$ 4.446,96. A dedução com educação hoje está limitada a R$ 3.561,50 por ano. Para repor toda a defasagem inflacionária, o valor corrigido deveria ser de R$ 6.961,40, segundo o sindicato.
O prazo para entrega das declarações começou no dia 7 de março e vai até dia 30 de abril.
N.O.