O número de médicos que atendem pela Unimed na Grande Florianópolis caiu nos últimos anos. A rede de atendimento também encolheu. Os clientes relatam dificuldade para obter cobertura do plano em exames ou procedimentos mais complexos. E as reclamações contra a empresa aumentaram 13% na Agência Nacional de Saúde entre 2017 e 2018. A queda na qualidade dos serviços afeta todos os clientes e também os funcionários da UFSC, onde a Unimed tenta emplacar um reajuste de 24,12% este ano – aumento que supera em mais de seis vezes a inflação de 2018. A Apufsc está se mobilizando para impedir que o contrato seja renovado nesses termos (leia mais aqui).
Em 2016, em crise, a Unimed fechou a unidade de pronto atendimento do bairro Trindade, concentrando o atendimento nas unidades em Barreiros e São José. Na época, a operadora tinha uma dívida de R$126 milhões. Algumas clínicas privadas da capital deixaram de atender através do plano, como a clínica pediátrica Tio Cecim, que se descredenciou em 2016. Geovana da Rocha, coordenadora administrativa da clínica, disse que a decisão de deixar a Unimed foi financeira. “O valor era bem abaixo do normal e a demanda era muito alta”, explica. “Não compensava”. Entre 2013 e 2016, o número de médicos credenciados na Grande Florianópolis caiu 10%, para 1,6 mil profissionais, segundo reportagem publicada pelo Diário Catarinense há dois anos. A Apufsc pediu dados mais recentes para a empresa, mas ainda não obteve resposta.
No ano passado, a ANS registrou 314 reclamações contra a Unimed de Florianópolis, 37 a mais do que no ano anterior, sendo que 19 ainda estão em andamento. A cooperativa também possui a pior nota do consumidor no Reclame Aqui dos planos de saúde que operam em Santa Catarina. Nos últimos 6 meses, a Unimed recebeu 5,75, numa escala que vai até 10, enquanto a Agemed pontuou 5,94, a Amil, 6,12, e a Sulamérica, 6,34.
A Unimed Grande Florianópolis perdeu 66.863 clientes no período de 2016 a dezembro de 2018. Os dados são da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A cooperativa tinha cerca de 162 mil beneficiários em dezembro de 2018, dado mais recente disponibilizado pela ANS. No início de 2016, esse número era de cerca de 229 mil.
A imensa maioria dos beneficiários da Unimed Florianópolis vêm de planos coletivos, como o da UFSC: 83,6%. Os idosos são 18,3%, e a idade média do beneficiário é 38 anos.
Outro lado
A Unimed Grande Florianópolis se posicionou a respeito do reajuste de 24,12%. Segundo a cooperativa, “conforme já havia sido explicado, o índice de reajuste se deve pela sinistralidade, que representa a diferença financeira entre as receitas do valor das mensalidades e os custos assistenciais. Ademais, o contrato entre Unimed e UFSC foi dado por meio de edital licitatório. Ou seja, a cooperativa apenas cumpriu as normas previstas na licitação”.
V.L. / N.O