Bolsonaro quer passar pente-fino ideológico no Enem

O governo federal vai criar uma comissão no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), responsável pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), para fazer uma análise ideológica da prova. É a primeira medida do governo que interfere diretamente no conteúdo da educação em nome de ideologias. Combater questões de gênero foi uma das bandeiras eleitorais de Bolsonaro. Logo que assumiu a presidência do Inep,  Marcus Vinícius Rodrigues declarou à imprensa que o presidente poderia ler a prova e interferir em seu conteúdo. 

Rodrigues já se posicionou contrário à discussão de gênero no Enem. “Quando a gente fala em gênero, acho que não cabe à escola tratar disso. Cabe à família tratar disso. Eu não teria como sugerir uma questão que trate de assuntos familiares.” A medida preocupa especialistas, segundo os quais a discussão de gênero e a educação sexual nas escolas ajuda a combater a violência contra a mulher, o machismo e a homofobia, além de prevenir gravidez na adolescência.

Educadores temem que a abordagem de outros temas, como a ditadura militar, também possam ser prejudicados. Cerca de 5,5 milhões de pessoas realizaram o Enem em 2018, a principal forma de acesso às universidades federais e uma das portas de entrada para diversas universidades estaduais.

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V.L./L.L.