Escolas militares e colégios civis têm desempenho similar, diz pesquisa da Folha

Os colégios militares, aposta do presidente Jair Bolsonaro (PSL) para a educação pública, não têm desempenho melhor do que escolas públicas usuais com o mesmo perfil socioeconômico, de acordo com informações do jornal Folha de S. Paulo. A partir de cruzamento de dados das médias do Enem 2017, a Folha concluiu que, quanto mais alto o nível socioeconômico, melhores os resultados escolares. No caso dos colégios militares, quase seis em cada dez têm alunos nos maiores níveis e não há incidência de níveis abaixo do médio.

 

Assim, em comparação a outras escolas com os mesmos indicadores, como os Institutos Federais (IFs), os colégios militares não se destacam. Os IFs têm média de 557 pontos, comparados aos 524,6 das escolas estaduais ligadas à Polícia Militar. Já os colégios estaduais não militares têm média mais baixa, de 498,9, mas 356 deles têm resultados melhores do que as militares. Mesmo assim, as escolas militares estão se espalhando nos últimos anos. Até 2015, eram 93 por todo o país. Em 2018, o número aumentou para 120 e continua a crescer.

 

Colégios militares são nova aposta para o DF

 

O governador Ibaneis Rocha (MDB) criou um projeto-piloto implementando o sistema de coordenação militar em quatro colégios do Distrito Federal (DF), antes administrados somente por civis. Assim que assumiu o cargo, Ibaneis Rocha resgatou o projeto, que já era antigo da Polícia Militar, e escolheu as escolas de acordo com três critérios: Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da população que mora em torno dos colégios, índice de violência na região e o desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Segundo o governo, os mais vulneráveis tiveram preferência.

 

O assessor especial da Secretaria de Educação, Mauro Oliveira, disse, em entrevista ao Estadão, que as decisões foram dialogadas tanto com os pais dos alunos quanto com os professores das escolas. Além disso, ele afirmou que, dos 120 colégios públicos no País que têm gestão compartilhada com militares, metade estão em Goiás. O plano é que o número aumente: o Ministério da Educação (MEC) criou uma subsecretaria para incentivar a implementação de escolas militares.

 

A diretora do Sindicato dos Professores do DF, Rosilene Correa, questiona a opção da equipe do governador. Ela afirma que “as escolas escolhidas estão longe de ter os piores indicadores. Pelo contrário. Em três delas, os alunos tiveram um desempenho mediano nas avaliações e as instalações são adequadas”. Para ela, a tentativa do governo é maquiar a realidade para afirmar o sucesso do projeto e dar continuidade com as escolas militares.

 

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L.S./L.L.