Um protesto contra a reforma da previdência liderado pela Central Única de Trabalhadores (CUT) reuniu centenas de pessoas na Esquina Democrática, em Porto Alegre, no final da tarde de quinta-feira (14). Para os manifestantes, a reforma representa o fim da aposentadoria para milhares de trabalhadores pois dificulta o acesso à previdência, reduz o valor do benefício e não combate privilégios.
Na mesma tarde, o secretário de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho, anunciou a decisão de Bolsonaro para idade mínima de aposentadoria: 62 anos para mulheres e 65 para homens, com período de transição de 12 anos para quem já está na ativa.
Em entrevista para o portal Sul21, o ex-ministro do Trabalho e da Previdência no governo Dilma Rousseff (PT), Miguel Rossetto, criticou a regra. Para ele, quem começa a trabalhar com 14, 15 anos é penalizado, pois agora precisará trabalhar mais para se aposentar.
A deputada estadual Luciana Genro (PSOL), também em entrevista ao portal Sul21, disse que a reforma irá prejudicar as camadas mais pobres da população e as mulheres. Segundo ela, a idade mínima é elitista, pois obriga os que começaram cedo a trabalhar mais do que aqueles que tiveram oportunidade de estudar por mais tempo. Ela ainda afirma que para as mulheres a situação é mais complicada por causa da tripla jornada de trabalho, que muitas vezes impossibilita a mulher de contribuir com a previdência completamente durante a vida laboral, já que precisa cuidar dos filhos ou da casa durante períodos intermitentes.
Outro ponto defendido pelos presentes é que não há déficit na seguridade social. Segundo a CPI da Previdência realizada pelo Senado em 2017, foi demonstrado que os problemas são decorrentes da sonegação de contribuições e de desvinculação de receitas. Em entrevista para o Correio do Povo, o vice-presidente da CUT-RS, Marizar de Melo, afirmou que o problema da Previdência é que o governo deixa de cobrar grandes dívidas de empresários e banqueiros e transfere a conta para a população.
O ato antecedeu a Assembleia Nacional dos Trabalhadores, que acontece na próxima quarta-feira (20) em São Paulo. A intenção é que em breve os trabalhadores sejam convocados para uma greve a fim de tentar barrar a reforma.
M.B. / N.O.