Embora o número de matriculados no ensino superior tenha aumentado 62,8% entre 2006 e 2016, o Brasil ainda continua distante dos países desenvolvidos em relação à proporção de jovens que conseguem se formar na universidade. Somente 16,6% dos brasileiros entre 24 e 35 anos fizeram curso de nível superior, segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgados pela revista Carta Capital. Este percentual é três vezes menos que a média dos países membros da OCDE e está atrás da Colômbia (28%), da Argentina (18%) e do Chile (30%).
Em entrevista recente, o ministro da educação, Ricardo Vélez Rodríguez, disse que a “universidade não é para todos”, que deveria ser restrita a uma “elite intelectual”. Com base nos dados da OCDE, o especialista em educação Salomão Ximenes, professor do curso de Políticas Públicas da Universidade Federal do ABC (UFABC), contesta a opinião do ministro. Ele observa que, atualmente, o acesso dos estudantes das escolas de elite às universidades já é muito maior se comparado ao dos alunos da rede pública.
Em 2017, 79,2% dos alunos que se formaram no ensino médio na rede privada ingressam em universidades. No mesmo ano, apenas 36% dos alunos que se formaram no ensino médio pela rede pública conseguiram chegar à faculdade.
“Reduzir essa oferta é reforçar uma estrutura que já favorece as elites econômicas. Sobrarão às massas as profissões não-reguladas. Com base nessa visão elitista e autoritária, o MEC quer decidir quem seguirá estudando ou não”, avalia Ximenes. Ele acrescenta que o incentivo ao ensino técnico, que deve continuar, não substitui a universidade.
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L.L.