A rede de notícias Nossa Santa Catarina publicou análise na última terça-feira (08/01) comparando o desempenho e custo das escolas federais com as escolas cívico-militares, modelo a ser fomentado em todo o país de acordo com decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro.
O investimento do Exército por aluno chega a R$19 mil anuais, três vezes mais do que em escolas públicas. O gasto reflete o bom resultado de alunos de colégios militares no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
No entanto, o modelo das escolas federais possui desempenho superior no mesmo exame e com custo mais baixo (R$ 16 mil ao ano por aluno).
No ranking das 10 melhores instituições públicas do país no Enem 2017, sete são colégios de aplicação das universidades federais ou institutos federais. Entre as outras três escolas estão duas estaduais e um colégio militar, o de Belo Horizonte (MG), que aparece em sétimo lugar.
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Aplicação do modelo cívico-militar nas escolas preocupa educadores
Mesmo não sendo obrigatória, a militarização das escolas desperta preocupações em educadores e especialistas da área. A possibilidade de adesão a esse modelo no ensino básico é uma das consequências do decreto 9.465, do novo governo.
Para o professor José Antônio Sepúlveda, da Universidade Federal Fluminense (UFF), ouvido pelo Jornal do Brasil, “ao militarizar o ensino, o sentido da escola pública está sendo desvirtuado ao envolver a imposição de questões cívica, moral e comportamental”. Sepúlveda é um dos educadores que consideram o modelo proposto um risco à liberdade democrática.
“Pode determinar comportamentos que são válidos e não são válidos, tirando aquilo que é fundamental, que é o direito de manifestação do aluno. Daqui a pouco vão dizer que só pode ter cabelo até o ombro, que a menina vai ter que usar saia até um determinado tamanho, e tirando alguns direitos conquistados como da população LGBT e questões como pautas das mulheres. São conquistas que se conseguiu ao longo dos anos, que correm risco com a ideia de uma padronização militar”, avalia o professor.
De acordo com o decreto, a adesão dos munícipios e estados será voluntária. O MEC afirma que a presença dos militares na gestão administrativa “terá como meta a resolução de pequenos conflitos que serão prontamente gerenciados, a utilização destes como tutores educacionais, para a garantia da proteção individual e coletiva, dentre outras visando a disciplina geral da escola. Os militares contribuirão com sua visão organizacional e sua intrínseca disciplinad+ os civis com seus conhecimentos pedagógicos, todos juntos farão parte desta proposta de estrutura educacional”.
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V.C. / E.M.