(E MARILLE FRANCO E ANDERSON GOMES)
Michiko Kakutani – que foi crítica literária do “New York Times” por quase quatro décadas medita sobre a “erosão do valor dos fatos e do conhecimento”, na Era Trump.
Autora do livro “A Morte da Verdade”, ela afirma, em entrevista à “Folha de S. Paulo”, que “a ascensão da subjetividade e os ataques acelerados aos fatos são resultado de várias dinâmicas simultâneas, incluindo o argumento pós-moderno de que não existe verdade objetiva”.
Isso vale para o Brasil de hoje.
Para ela, as redes sociais contribuíram para isolar as pessoas em “bolhas”, conversando só com pessoas que pensam como elas e expostas apenas a informação que tende a ratificar crenças preexistentes.
Kakutani adverte que ”outros fatores deram combustível à ascensão do populismo nesta era em que a globalização, as mudanças tecnológicas (…), criaram ansiedades em pessoas que temem perder seu emprego e seu status – ansiedades que as fazem suscetíveis a apelos de políticos inescrupulosos à raiva e ao medo”.
Além disso, ESTAMOS ATORDOADOS PELA SOPBRECARGA DE INFORMAÇÕES.
O (suposto) triunfo da democracia liberal deu lugar a um ressurgimento do autoritarismo ao redor do mundo – do qual não escampamos.
A DEMONIZAÇÃO DA DIFERENÇA
Junto com a negação da verdade, num clima de histeria coletiva, ocorre a DEMONIZAÇÃO de quem pensa diferente, das minorias e dos setores mais vulneráveis da sociedade.
MESMO CORRENDO O RISCO DE USAR PALAVRAS DESGASTADA PELO USO CONTÍNUO, PERCEBE-SE CLARAMENTE O RENASCIMENTO DO FASCISMO E DO NEONAZISMO.
Ataques virulentos são feitos ao que é diferente da “norma”.
É O TRIUNFO COMPLETO DO ANTI-INTELECTUALISMO.
Como ocorre diariamente nos EUA com Trump – desqualificando brutalmente trabalho da imprensa séria –, tais ecos já são sentidos no Brasil.
Como disse Katherine Graham, que foi “Publisher” do jornal “The Washington Post” na era Watergate, “NOTÍCIA É AQUILO QUE ALGUÉM DESEJA SUPRIMIR. O RESTO É PUBLICIDADE”.
MARIELLE E ANDERSON
Muitos já fizeram e fazem a mesma pergunta: os assassinos da vereadora MARIELLE FRANCO do motorista ANDERSON GOMES serão punidos?
Faz mais de oito meses da morte de Marielle e de Anderson (em 14 de março de 2018) e a impunidade perdura.
O general Richard Nunes, secretário de Segurança do Rio de Janeiro, afirmou, no dia 21 de novembro, que milicianos e pessoas ligadas ao poder público e ao meio político tramaram a sua morte.
De acordo com ele, os principais suspeitos do complô já foram identificados e a polícia está agindo de forma cautelosa para embasar a condenação dos suspeitos pela Justiça.
Esperamos que os assassinos e mandantes – mesmo com influência, dinheiro e poder que detenham – sejam presos , julgados e punidos.
(Brasília, novembro de 2018)
Emanuel Medeiros Vieira
Escritor