Uma Apufsc autônoma é incompatível com a filiação nacional a Andes

O CR, reunido dia 31 de Outubro, deliberou se a APUFSC deveria discutir sobre a filiação nacional ou se não deveria discutir o tema, o que equivaleria a deixar a APUFSC como está. Venceu por ampla maioria dos conselheiros a opção de “discutir” a filiação nacional da APUFSC onde as opções seriam filiar a APUFSC a ANDES ou ao PROIFES.

Inicialmente, seria interessante questionar se os conselheiros ali reunidos consultaram amplamente a base que pretensamente representam ou se estão ali representando a si mesmos, pois, mesmo com todo o esforço e boa-fé dos conselheiros de trazer os associados à discussão, é um fato concreto que a representatividade tem sido um problema recorrente no CR, e eu tenho conhecimento de causa, pois também participei do CR e percebi a apatia de meus colegas de departamento em se posicionarem sobre os pontos que eu lhes trazia. Assim, para não cair no vício da auto representação, postura ao qual sempre fui crítico, eu decidi me desligar do CR. Exceto se tal situação tenha mudado, e não me parece que a situação tenha mudado apenas pela eleição da nova Diretoria, seria mais razoável que questão tão importante como a filiação nacional fosse feita da forma mais ampla possível via uma consulta eletrônica que certamente traduziria de forma muito mais realista a opinião dos professores sobre o tema proposto.

Mas, analisemos o que está sendo posto. No texto do Boletim lemos que

“A princípio serão colocadas três propostas para o debate: ligar-se/filiar-se a uma entidade sindical nacional, (Proifes ou Andes-SN), ou continuar como atualmente estamos, sem representação nacional. Nada impede que alternativas sejam colocadas na discussão”.  Salienta ainda que também a forma de relação/filiação necessita ser discutida e definida pela categoria, “recordando que somos um sindicato autônomo de base estatual de uma categoria que é nacional”.

Ora, sabemos que filiar a APUFSC  a ANDES significa tornar a APUFSC seção sindical da ANDES, e isto por sua vez requer mudanças substanciais em nosso regimento atual, entre elas, mudanças que alteram o quórum mínimo da Assembleia Geral e que abre a possibilidade de repetirmos novamente o mesmo vício do Assembleísmo que é o instrumento de domínio do sindicato por uma minoria. Definitivamente, é isso que a maioria deseja?

Também sabemos que filiar a APUFSC a ANDES ou ao PROIFES implica em alinhar a APUFSC a duas centrais sindicais que tem uma clara inclinação ideológica, no caso, a ANDES sendo ligada a CONLUTAS e o PROIFES a CUT. Assim, é estranho que a atual Diretoria da APUFSC na sua carta de princípios tenha declarado

“Atuar para garantir o respeito à pluralidade ideológica, para que as atividades sindicais sejam balizadas por princípios democráticos nas decisões e nos debates de ideias, e que as demandas dos professores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) sejam sempre respeitadas.”
,10< agora, junto ao CR, contemple uma discussão de filiação nacional tendo por opções dois sindicatos que nada tem de pluralidade ideológica. Do que foi exposto, o mais sensato a se fazer seria fazer uma consulta eletrônica aos associados para que decidam se realmente querem iniciar a discussão de filiação nacional tendo por opções dois sindicatos de representação nacional que, ao meu ver, são péssimas opções.


Marcelo Carvalho

Professor do Departamento de Matemática