Palavras no calor da hora

EM HOMENAGEM A CELSO MARTINS

 

Mil memórias vieram à minha cabeça.

Conheci-o quando voltei à ilha, janeiro de 1972, e logo nos tornamos grandes amigos.

Criamos jornais alternativos, boletins, cooperativas, o diabo, na luta contra a ditadura.

 

Fiz a apresentação do seu primeiro livro de poemas, em 1981 intitulado  “Vida Dura”- tocante obra (inventário de uma geração).

 

E depois, a amizade ficou granítica. Eterna.

Nem a morte nos separa.

Vai comigo à eternidade.

Celso Martins:

Foi um combatente, um lutador, de associações, deu voz aos anônimos de sambaqui , de Santo Antônio, De Toda A Região, com um carinho imenso pelas figuras “sem nome”, pelas festas de raiz açoriana, o Divino, as farinhadas, fotografando, escrevendo etc.

Seguiu as lições de Tolstói: para conheceres o mundo, conhece a tua aldeia.

 

Sua obra sobre a repressão brutal da operação  “Barriga-Verde” é fundamental. Sem exagero: já é um livro clássico do período.

 

Lembro DEMAIS dos combatentes (esqueço nomes- me perdoa)  já “encantados” e lutaram junto com o Celso, contigo, conosco: queridos amigos, como Vera, Rosana, Aristeu, Adolfo, Motta, Jarbas, Galotti, Cirineu, Marcos,  Verzolla e tantos outros, que a memória resiste em lembrar. Mas estão todos no meu coração!*

*releva os muitos erros de digitação e os outros.

 Pelo câncer  (sem vitimismo) estou com dificuldade de escrever.

CELSO MARTINS, MARGARETH, ANITA: presentes!!!!!

 

E faço a pergunta final: amigo Celso – o que esta morte fará com tanta vida?

 

(Brasília, 11 de outubro de 2018)


Emanuel Medeiros Vieira

Escritor