“O que devemos é apressar o fim do inverno de nossa infelicidade, parafraseando a famosa frase de Shakespeare no “Ricardo 3”, e fazer surgir uma nova primavera”
(Renato Janine Ribeiro)
(Em 10 de maio de 1968, Desejávamos soprar a poeira da eternidade. Seja realista: exija o impossível, passeatas, cassetetes, éramos eternos. Comíamos o pão de cada dia com a flor da utopia na lapela. “A imaginação no poder”, mas nossos amigos não estão no poder. Destinos rabiscados, entes descartáveis, grãos de areia na imensa praia global. E o passado não passou. Fragmentados, ilhados: o barco fez água, comitês de sonhos viraram praças de vorazes burocratas, o povo servindo aos donos da pátria, crendo que a servem. Che Guevara saiu saiu da guerrilha para triunfar nas camisetas. Num muro, li: “Acorda, Lênin: eles enlouqueceram.” 50 anos, sim – meio século. A barricada fecha a rua, mas abre a via. Cerração dissipada, pipa no céu, regata assistida aos sete anos: outrora/agora. Emanuel Medeiros Vieira Escritor
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