A falta de consistência do Prof. Nilton Branco

É difícil dar credibilidade ao que o Prof. Nilton Branco escreve em seu texto “Solicitação à Diretoria a ao CR sobre a possibilidade do golpe militar”. A razão é simples.

Diferente de 1964, quando os comunistas pretendiam dar um golpe a nação se aproveitando do governo incompetente e corrupto de João Goulart [1], [2], [3], [4], [5] devemos criticar qualquer intervenção militar que não esteja respaldada pela constituição. Assim, se foi este o contexto da intervenção militar a que o general Mourão se referiu, a manifestação dele deve ser alvo de críticas. Contudo, da mesma forma, também deve ser alvo de críticas uma resolução de conjuntura do PT de 2016 de nítido teor golpista quando lemos [6]

 

Fomos igualmente descuidados com a necessidade de reformar o Estado, o que implicaria impedir a sabotagem conservadora nas estruturas de mando da Polícia Federal e do Ministério Público Federald+ modificar os currículos das academias militaresd+ promover oficiais com compromisso democrático e nacionalistad+ fortalecer a ala mais avançada do Itamaraty e redimensionar sensivelmente a distribuição de 5 verbas publicitárias para os monopólios da informação.”

 

que evidencia a forma pouco democrática como o PT pretendia dominar todas as instituições da República tentando influenciar o comando da PF, do MP e, em particular, das forças armadas. A mera menção de “promover” oficiais com compromisso democrático e nacionalista assume o mesmo caráter do discurso de Luís Carlos Prestes (ver nota explicativa que segue a referência [4]) sendo uma afronta à hierarquia das forças armadas. Isso gerou uma nota imediata de repúdio do comando do Exército assinada pelo general Eduardo Villas Boas como foi relatado na coluna da jornalista Eliane Catanhêde [7].

 

O mais curioso é que não me lembro do prof. Nilton Branco ter feito qualquer crítica a este documento de teor golpista do PT, por que será? Ora, se a APUFSC pretende se pronunciar sobre a declaração do general Mourão poderia aproveitar também para repudiar a nota do PT, e condenar qualquer tentativa de golpe, inclusive se solidarizando com nossos irmãos venezuelanos e cubanos que vivem sobre a tirania de uma ditadura, ou será que devemos ser coniventes com golpes da esquerda? Nunca vi o prof. Nilton Branco se preocupando com os venezuelanos e cubanos, a ponto de solicitar uma nota de repúdio junto ao sindicato, estranho, não?

Finalizo, lembrando não ser saudável a atitude do prof. Nilton Branco de misturar suas posições políticas com questões coletivas do sindicato, embora reconheça que ele tenha o direito de propor o que bem desejar tanto ao CR (já que é conselheiro) quanto à diretoria do sindicato. Contudo, espero que quando chegar a vez dele ser diretor do CFM  (por que tantas pessoas sonham com esses cargos administrativos?) ele não aja da mesma forma, tendo assim o cuidado de não emitir sua  opinião pessoal como se estivesse falando pelo CFM. É ver para crer e, se for o caso, incansavelmente  combater!!


Marcelo Carvalho

Professor do Departamento de Matemática

Referências

 

[1] “A Grande Mentira”, Agnaldo del Nero Augusto. Neste livro, coronel del Nero analisa exaustivamente as três tentativas de tomada de poder pelos comunistas. A contra-revolução de 1964 corresponde a uma reação à segunda tentativa de tomada de poder pelos comunistas.

 

[2] “Combate nas Trevas”, de Jacob Gorender. Neste livro Gorender, fundador do PCRB (partido comunista revolucionário comunista) reconhece que em 1964 os comunistas tinham condições objetivas de dar o golpe comunista e que a reação dos militares foi um golpe preventivo.

 

[3] “1964: Golpe ou Contra-Golpe”, Hélio Silva. Neste livro Hélio Silva analisa a atuação do Congresso Nacional que endossou a ação dos militares, descrevendo os vários fatos políticos que antecederam e sucederam o 31 de Março de 1964.

 

[4] “A Revolução Impossível” de Luís Mir. Neste livro, nas pags. 115-120, lemos o seguinte relato de Luís Carlos Prestes em reunião com Krushev, em janeiro de 1964, que evidencia os preparativos do golpe comunista durante o governo Jango:

“A luta pelas reformas de base constitui um meio para acelerar a acumulação de forças e aproximar a realização de objetivos revolucionários,[…] o arcabouço institucional impede as reformas, pois elas dependem de dois terços do Congresso, tornando-as irrealizáveis, dado que ele é majoritariamente anti-reformas.

 

[…] O grande trunfo será o dispositivo militar, capaz não só de barrar um golpe ou uma reação da direita, mas, por uma ação enérgica e com o apoio das massas, desencadear o processo de reformas.

 

[…]  Implantaremos um capitalismo de Estado, nacional e progressista, que será a ante-sala do socialismo.

 

[…] uma vez a cavaleiro do aparelho do Estado, converter rapidamente, a exemplo da Cuba de Fidel, ou do Egito de Nasser, a revolução-nacional-democrática em socialista.”

 

[5] “A Verdade Sufocada: A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça” do Cel. Carlos Alberto Brilhante Ustra. Neste livro, o coronel Ustra faz uma análise exaustiva e bem fundamentada das ações comunistas para implantar o comunismo no Brasil, iniciando com a intentona comunista de 1935, passando por 1964 e, depois, pelas ações terroristas dos grupos de esquerda durante a chamada “luta armada” que pretendia implantar um regime comunista no Brasil, sob pretexto de estarem lutando pela democracia.

PS: Sobre as acusações de tortura, cel. Ustra se defende tanto no livro referenciado em [5] quanto em outro livro de sua autoria “Rompendo o Silêncio”.

E, em relação a decisão de um tribunal que declarou ser o cel. Ustra torturador, devemos lembrar que a acusação é construída em grande parte no  relatos de  pessoas que foram detidas por  participaram de grupos terroristas que o Exército neutralizou, o que por si já gera dúvidas sobre a lisura e justiça das acusações. Além disso, não se trata de uma sentença definitiva, já que estava sendo contestada pelo cel. Ustra em instâncias superiores. Assim, assumindo a presunção de inocência, ninguém deveria ser considerado culpado até que tenha esgotado todos os recursos, algo que não aconteceu.

 

[6] http://www.pt.org.br/wp-content/uploads/2016/05/Resolu—-es-sobre-conjuntura-Maio-2016.pdf

[7] http://politica.estadao.com.br/blogs/eliane-cantanhede/pt-irrita-exercito/