É louvável a iniciativa da Apufsc de organizar um debate sobre os efeitos da reforma previdenciária e trabalhista no âmbito dos servidores públicos federais, contudo, há múltiplas perspectivas em que se pode analisar as reformas, e eu cito pelo menos duas bem evidentes: uma perspectiva se pauta pelo ponto de vista meramente corporativo das associações de classe que defendem a qualquer custo algo que consideram “direitos adquiridos” e que são representadas pelos diversos sindicatos de servidores públicosd+ outra perspectiva se pauta pela razoabilidade e sustentabilidade em se conceder tais benefícios e envolve, em geral, a análise de especialistas de economia e da gestão pública.
Em seu editorial “Não vamos aceitar passivamente a retirada de nossos direitos” a Diretoria da Apufsc indica que já se posicionou, pelo menos parcialmente, pela oposição as reformas, adotando a primeira perspectiva. Mas, pessoalmente, eu sustento que não é porque somos diretamente afetados (quer seja de forma negativa ou positiva) por uma reforma que devemos ser contra ou a favor dela, pois antes de servidores públicos somos cidadãos, e na condição de professores devemos pelo menos saber o mínimo necessário sobre o tema para que possamos justificar diante do público a razão de sermos a favor ou contra as reformas encaminhadas.
Independentemente da posição que a Diretoria da Apufsc possa ter sobre o tema, solicito que a Diretoria realize um debate isento sobre as reformas previdenciária e trabalhista convidando de forma equilibrada pessoas qualificadas que possam expor argumentos a favor ou contra as reformas encaminhadas pelo governo. Somente assim pode-se formar uma posição honesta sobre o tema.
*Marcelo Carvalho
Professor do Departamento de Matemática