Ao término de 2016 e após 7 meses de gestão, pretendemos, neste breve texto, apresentar um balanço do ponto de vista da Administração Central. Escolhemos, assim, alguns tópicos que sintetizam boa parte das dificuldades e tensões que enfrentamos e algumas das posições que temos reafirmado.
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Ocupações nos Centros
A ocupação é uma novidade do movimento social. Tivemos quatro grandes centros ocupados e tínhamos muita gente pedindo uma ação de reintegração que tem, ao final, execução forçada e o uso da força policial. Optamos por um caminho diverso, que foi a negociação ampla com os ocupantes e também com aqueles que tinham um movimento antiocupação. Isso foi bem claro aqui na universidade: havia o movimento que efetivou a ocupação e outro que era contra, por que considerava que o direito de ir e vir e o acesso às salas de aula e laboratórios estavam prejudicados. Foi uma boa experiência, porque não nos afastamos em nenhum momento dessa linha. O MPF e os Diretores dos Centros nos ajudaram e fizemos um acordo que levantou a desocupação.
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Exercício da tolerância e do diálogo
Todo o processo de conversação e negociação pressupõe um diálogo, uma conversa com o divergente. Se você se afasta dessa possibilidade, o que resta? A força, a violência. E, decididamente, não é o caminho que buscamos. E não é o melhor exemplo que a universidade pode dar. É uma instituição de ensino que preza pela palavra e pela conversa. O episódio no Centro Socioeconômico, por exemplo, foi emblemático. Porque no CFH e CCE as atividades estavam paralisadas. Mas no CSE o direito de ir e vir estava garantido. Havia um protesto, com as atividades acontecendo. Isso fez com que as pessoas tivessem contato e foi traumático porque as pessoas – e vale para ambos os lados – não souberam, por um determinado instante, fazer a convivência pacífica. E isso alertou todo mundo, professores, estudantes e o MPF.
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A importância de preservação da autonomia dos centros
Os centros têm autonomia para tratar da gestão patrimonial, e os cursos e departamentos têm autonomia para realizar as atividades acadêmicas, pedagógicas.
O espaço patrimonial, a guarda, é das direções dos centros. A reitoria não pode fazer nada que não seja em concordância com as direções dos centros. Essa é nossa premissa: estamos todos juntos, as soluções devem ser combinadas entre centros e reitoria. E isso estabelece uma trilha, demarca nossa linha de atuação. Cada direção negociou com os comandos locais das ocupações. E a premissa vale em quaisquer outras situações, em que os Centros de Florianópolis, mas também os de Araranguá, Blumenau, Curitibanos e Joinville, precisarem. O resultado demonstrou o acerto da nossa estratégia, que foi a solução negociada do conflito, sem necessidade da ação de reintegração e da força policial.
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A crise financeira
Em maio, quando assumimos, tínhamos uma dívida com fornecedores e com a
Celesc. Para se ter uma ideia, quitamos R$ 8,5 milhões com a Celesc e pagamos de juros e multa mais R$ 700 mil. Com os fornecedores, liquidamos, e conseguimos do MEC (Ministério da Educação) uma regularização dos pagamentos. Todo mês o ministério passou a nos pagar aquilo que tínhamos liquidado junto aos fornecedores.
Chegamos em 2 de dezembro com todas as pendências liquidadas. Do ponto de vista financeiro, conseguimos reconhecer e pagar as dívidas e equilibrar o orçamento. É um bom caso de como fazer a gestão, mas só foi possível porque o ministério honrou os seus compromissos.
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Infraestrutura
Quanto aos docentes temos a necessidade de algo em torno de 250 novos profissionais para substituir os que se aposentam, se afastam e os casos de falecimento. Em termos de técnicos, fizemos um concurso e estão ingressando 180 novos servidores. Isso dá uma folga. Em relação aos professores, é mais difícil porque não há perspectiva de abrir concurso em 2017 e 2018. É um quadro mais complicado.
A parte de obras é a pior de todas. Estamos já há dois ou três anos com um orçamento contingenciado. Provavelmente o orçamento do ano que vem vai girar em torno de R$ 20 a R$ 30 milhões para obras. Não vamos poder fazer grandes investimentos nesse período.
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A UFSC e a aproximação com a sociedade
Nosso potencial é gigantesco, temos 115 cursos. Podemos fazer qualquer coisa, para a indústria, comércio, agricultura e para o setor público. Temos o know how, mas precisamos “desamarrar”. Se alguém quer trabalhar com pesquisa e extensão na universidade, não podemos criar dificuldades, amarras burocráticas ou ideológicas.
Luiz Carlos Cancellier de Olivo
Reitor da UFSC