As responsabilidades do reitor da UFSC diante da comunidade acadêmica

É notória a omissão do reitor da UFSC diante da situação volátil em que a universidade se encontra. Conforme noticiado em uma matéria do Diário Catarinense de 9/11/2016 sob o título “Estudantes decidem ocupar todos os centros da UFSC a partir de sexta”

 

http://dc.clicrbs.com.br/sc/noticias/noticia/2016/11/estudantes-decidem-ocupar-todos-os-centros-da-ufsc-a-partir-de-sexta-8222592.html

 

vemos potencialmente uma escalada de acirramentos envolvendo a polarização entre dois grupos de estudantes em relação a ocupação das unidades da UFSC. É possível mensurar o número da discordância exatamente, já que, antes dessa deliberação pela ocupação feita em assembléia geral, houve uma consulta eletrônica organizada pelo DCE e que teve a participação de 9033 estudantes onde configurou-se a seguinte estatística:

 

Contrários à greve estudantil,  5596 (61,94%)

 

Favoráveis à greve estudantil, 3438 (38,06%). 

Considerando relatos que estimam a participação na assembléia geral em cerca de 1300 estudantes, em contraste com os 9033 que opinaram na consulta eletrônica, vemos que há uma nítida desproporção na participação de uma e outra consulta e no conteúdo e desdobramentos associados ao que foi decidido por cada grupo. É neste contexto que ganha sonoridade o seguinte trecho da matéria veiculado pelo Diário onde lemos:

“O movimento de ocupação pode encontrar resistência em alguns centros, especialmente naqueles que possuem alunos considerados mais conservadores, tais como o Centro Tecnológico (CTC) e o Centro de Ciências da Saúde (CCS).” 

O termo “resistência” aplicado a ocupação deixa implícito o que pode ocorrer. É possível que o reitor Luís Cancellier esteja minimizando a situação, contudo, a ampla publicidade dada a relatos de estudantes e docentes publicadas em redes sociais e que registraram atitudes arbitrárias de intimidação não pode ser mais ignorada pelo reitor. Com efeito, entrei com uma notificação junto a AGU sobre as arbitrariedades que vem sendo noticiadas, e que foram encaminhadas a Procuradoria Federal junto à Universidade Federal de Santa Catarina cuja manifestação eu transcrevo a seguir:

“A demanda diz respeito não aos serviços da Advocacia-Geral da União, mas da Universidade Federal de Santa Catarina, entidade assistida por esta Procuradoria. Os fatos narrados não são precisos o suficiente para que indiquem abertura formal de sindicância por parte da AGU, ainda que mereçam verificação por parte da entidade assistida. Dar-se-á comunicação da demanda à Reitoria, para que verifique os fatos narrados. Atenciosamente, PF/UFSC”

 

Interessa saber aqui que os mesmos fatos levados a procuradoria já tinham sido descritos em outro texto submetido ao Boletim da APUFSC na semana passada e endereçado ao magnífico reitor.

Novamente dirijo-me ao magnífico reitor através de um texto aberto ao público, desta vez não mais acreditando que o reitor se manifestará, mas apenas para que ele não possa alegar que desconhecia a situação. Assim, este texto serve de prova de que ele foi alertado de tudo que está ocorrendo.


Marcelo Carvalho

Professor do Departamento de Matemática