O anúncio do corte de bolsas de pesquisa científica por parte do CNPq, ligado ao governo federal, causou revolta na comunidade acadêmica. Pesquisadores encarregados de fazer a seleção de bolsistas chegaram a planejar um boicote contra a seleção.
O Estadão anunciou em agosto o corte de 20% de bolsas para estudantes em quatro áreas: Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), o Programa de Iniciação Científica para o Ensino Médio (PIBIC-EM), o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI) e o Programa Institucional de Iniciação Científica nas Ações Afirmativas (PIBIC-Af).
Perdem-se coisa de 5 mil bolsas.
O antropólogo Eduardo Viveiros de Castro anunciou via Facebook que, nesta terça, como parecerista do CNPq, recebeu junto com seus colegas a ordem de eliminar 20% dos atuais bolsistas de Produtividade em Pesquisa. Segundo ele, nenhuma bolsa nova será concedida.
“Ao chegarmos hoje ao CNPq, como membros dos Comitês de Área, para o julgamento da demanda de Bolsas de Produtividade em Pesquisa, fomos presenteados com mais uma das boas notícias que o governo golpista não para de dar todos os dias ao país. O técnico da área nos informou que não só não haveria bolsas novas, como teríamos que proceder um corte entre 20% e 30% das bolsas já em vigência e que seriam renovadas”, disse.
Ao Estadão, o CNPq divulgou uma nota pondo a culpa na situação econômica do país:
“Considerando o contexto orçamentário atual e a indicação para 2017 de redução do orçamento do CNPq para o próximo ano, foi necessária a adequação da concessão de bolsas da agência ao novo cenário.”
Segundo Viveiros de Castro, os pareceristas resolveram denunciar os cortes e, além disso, se recusaram a fazer o ranking dos atuais bolsistas, para dificultar os cortes.
“Mas um técnico presente ao perceber que os comitês se articulam no sentido de evitar fazerem qualquer ranqueamento para não colaborar com o corte sem querer deixou escapar que o formulário de avaliação mudou e que nós estamos dando notas e portanto o ranqueamento está sendo feito automaticamente. Diante disso amanhã nos reuniremos novamente para ver que estratégia adotamos”, disse.
Fonte: Gazeta do Povo