O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), como já é tradição, divulgou a lista com as 100 melhores escolas brasileiras com base na prova do Enem de 2015. Embora passível de críticas, esta “classificação” gera uma grande expectativa entre alunos, professores e gestores. Situação que não é diferente nos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia que têm como obrigação legal a oferta de ensino médio integrado ao ensino técnico para adolescentes e jovens em todos os estados da Federação.
A qualidade do ensino oferecido na Rede Federal de Educação Técnica e Tecnológica, embora sendo ainda algo novo no cenário educacional brasileiro (os Institutos foram criados em 2009), demonstrou em edições anteriores que muitos dos cursos de ensino médio dos Institutos apareciam entre os melhores colocados. No ano passado, por exemplo, o campus Vitória do Instituto Federal do Espírito Santo esteve em 22º lugar geral e primeiro entre as públicas. No Paraná, o resultado de 2013 mostra que o Campus Curitiba do IFPR ficou entre as três melhores escolas públicas do Paraná. Assim é com outras tantas unidades da Rede IF melhorando seus resultados paulatinamente, com escolas pontuando entre os melhores.
Resultado que é fruto de uma proposta inovadora para o ensino médio, com investimento na qualificação de professores (incentivo para mestrados e doutorados) e infraestrutura, e que trouxe para estes adolescentes e jovens algo que só existia nas universidades: projetos de iniciação científica, bolsas para projetos de pesquisa e projetos de extensão, o que trouxe integração com comunidades situadas em vazios educacionais em todo o Brasil através de seus arranjos produtivos locais.
Quem acompanha esta divulgação com mais atenção logo notou algo curioso na recente publicação do Inep: nenhuma das escolas listadas era um Instituto Federal. Pior ainda: foi vetado o acesso dos alunos dos Institutos Federais aos seus resultados pessoais nas provas do Enem. Questionado, o Inep comunicou que os Institutos Federais não foram incluídos na lista por serem considerados “ensino técnico” e não “ensino médio”. Em nota o Conif – O Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica informa que não tinha conhecimento que a Rede Federal seria desconsiderada. “As instituições da Rede vêm crescendo positivamente no ranking. Portanto, tínhamos uma expectativa diferente para a divulgação do resultado”, afirma o presidente, Marcelo Bender Machado.
Para o PROIFES-Federação a ausência é um absurdo e tem um propósito claro de justificar ou esconder medidas que atacam os avanços conseguidos nos últimos anos a exemplo do anúncio recente da proposta de reforma do ensino médio, através de medida provisória e sem nenhuma discussão com a sociedade.
Afinal, mesmo ilegítimo, um governo precisa que a opinião pública seja favorável aos seus desmandos. Quando um sistema de avaliação do tamanho e da importância do Enem pode mostrar através de números que os investimentos aplicados nos Institutos Federais se justificam, mostrando um crescimento consistente na qualidade do ensino público, a única alternativa é esconder e excluir esses dados para que a sociedade não perceba que os melhores alunos vêm do incentivo em qualificação dos trabalhadores da educação, investimento em política estudantil e na infraestrutura do espaço educacional. Esta é a verdade que o atual governo quer esconder.
A ausência dos Ifs reforça o discurso de que a educação particular é necessariamente melhor do que a pública. Reforça ainda a lógica da terceirização e privatização apresentada no documento do governo Temer Ponte para o Futuro: na tendenciosa lista do Inep, 97 das 100 melhores escolas são sustentadas pela mensalidade dos pais dos alunos. Contraditoriamente, nenhuma dessas ditas melhores escolas privadas segue modelo parecido com a recente proposta de reforma defendida por esse governo. A mentira esconde o fato de que o sistema público de educação já tem muitas das melhores escolas, além de potencial para incentivar centros de excelência. Mas para isso é necessário investimento, algo que o atual governo parece ser radicalmente contra como indica a PEC 241 que congela os investimentos em educação e saúde pelos próximos 20 anos.
O SINDIEDUTEC-Sindicato, representante dos professores e servidores do IFPR e Colégio Militar do Paraná, junto ao PROIFES-Federação, repudia a clara manipulação feita pelo Inep para beneficiar setores que estão pouco ou nada preocupados com o futuro da educação e do ensino no Brasil.
Fonte: SINDIEDUTEC-Sindicato