Nenhuma Surpresa

Não me causou surpresa, mas tristeza, ler a opinião do ex-presidente da Apufsc, no artigo intitulado “Minhas Surpreendentes Surpresas”, que, entre outros, faz fortes críticas à reunião que promovi para ouvir o Dep. Federal Pedro Uckzai, realizada recentemente na UFSC no espaço da sede-campus de nossa entidade. Espaço esse, diga-se de passagem, que solicitei formalmente para acolhê-lo. Portanto, nada obscuro.

 

Por estar mal informado, sua infeliz análise fez uma série de conexões, juntando interesses e pessoas diferentes, escolha que lhe conduziu, intencionalmente ou não, a suposições e conclusões políticas que melhor lhe convinham, justas para o momento eleitoral de nosso sindicato.

 

Os professores a que se referiu, exceto o amigo Fletes, não foram por mim convidados – ainda que bem-vindos -, mas estavam naquele momento na sede por outro motivo: conversar com o atual presidente da Apufsc sobre uma eventual composição para formar uma única chapa para a entidade. Enquanto eu e outras pessoas estávamos ali para ouvir uma análise sobre a conjuntura nacional, que seria feita por um excelente deputado federal catarinense, atuante, honesto e firme na defesa do interesse público, particularmente nos temas da educação. Uma raridade nos tempos atuais. Aqui registro meus cumprimentos ao artigo-resposta do Prof. Valetim a esse respeito. Falou tudo e falou bem! (http://www.apufsc.org.br/Artigos).

 

Ademais, a manifestação do ex-presidente apenas revela o grau e os termos da disputa entre dois grupos de pessoas que hoje conformam o movimento da velha Nova Apufsc. Com alguma visão distinta sobre a atividade sindical, ambos os grupos, a meu ver, estão levando o sindicato ao completo isolamento e à perda de significado para o conjunto dos professores da UFSC. Obviamente, não falo da qualidade das pessoas, mas suas ideias e práticas sindicais.

 

Impressiona-me que o colega ex-presidente, de inegável liderança política, centre sua análise, ao insinuar partidarização, em reproduzir o velho diapasão de dizer o que não quer para esconder o que quer. No fundo é a manifestação de quem “não quer largar o osso”, ou seja, apresenta-se na disputa para controlar a diretoria do sindicato e não deixar que outro grupo lá esteja.

 

Esse tipo de motivação é lamentável e preocupante por si só, e o é mais ainda diante de um cenário onde o que mais precisamos é de um sindicato ativo politicamente, pautando, informando e decidindo encaminhamentos objetivos contra o desmonte da educação pública, a perda de direitos e a corrosão salarial dos professores. O tipo de sindicato praticado atualmente na Apufsc, com a sua orientação, caro colega, é insuficiente, parcial e imobilista, centrando-se na promoção assistencial, da assistência à saúde à da promoção de festas e viagens. Importante, mas insuficiente.

 

Essa é a minha discordância fundamental com os caros amigos e colegas que hoje disputam as eleições do sindicato, que lamentavelmente creio não completarão as motivações originais das mudanças propugnadas pelo movimento que deu origem à Nova Apusfc, a não ser a de se desfiliar do Andes. Dizer o que não se quer nem sempre traz à tona e põe em movimento o que se quer, mas sempre é tempo para se mudar isso.


Carlos Alberto Marques

Professor do Departamento de Metodologia de Ensino