Antonio Gramsci e as eleições paritárias nas universidades

Em excelente artigo intitulado “Excelência já foi elogio, mas faz tempo”, publicado no jornal O Estado de São Paulo, em 21/06/2016, Rolf Kunz afirma: “O governo do PT, desde o mandato inicial do presidente Lula, condenou as ideias de competência e de produtividade na administração [pública] como preconceitos neoliberais. ”

 

Para sermos precisos, a condenação dos ideais de competência e de produtividade na administração pública, como preconceitos neoliberais, antecede a Lula e ao PT no governo. Essas ideias, ou ideologias que condenam aqueles ideais de competência e produtividade, são nossos velhos fantasmas com que lidamos, na administração pública em geral e, principalmente, nas escolas e nas universidades. A falsa, desgraçada e subdesenvolvida ideia de “democracia” que passou a permear as instituições públicas – que exige a eleição paritárias de diretores de escolas, grupos escolares e universidades por estudantes, funcionários e “até professores” em tais pleitos – é consequência da “Doutrina da Infiltração” de Antonio Gramsci (1891-1937), fundador do partido comunista italiano, em 1921.

Sempre alegando ideais elevados de democracia, a militância de esquerda acaba por distorcer este mesmo conceito tão caro aos verdadeiros democratas, visando, na realidade, a infiltração e dominação dos órgãos decisórios das escolas, sindicatos, associações de bairro, centros acadêmicos estudantis e universidades.

 

A História é farta em mistificações sobre o conceito de democracia. A famigerada Alemanha Oriental – o mais stalinista regime do Leste Europeu – que hoje jaz na lata de lixo da História, tinha o nome oficial de Deutsche Demokratishe Republik (DDR), ou República Democrática Alemã. Outras tiranias comunistas também abusaram e distorceram o conceito de democracia, ao se proclamarem, elas próprias, democracias. Não surpreende, portanto, que um movimento pela democracia em órgãos públicos, como universidades, seja, na realidade, uma farsa gramscista, visando o aparelhamento dos mesmos, como “etapa para a construção do socialismo”, segundo reza o jargão eufemístico das esquerdas. Enquanto se opera esta farsa, a qualidade administrativa e de liderança daqueles órgãos cai vertiginosamente. Isto é particularmente danoso nas escolas e universidades públicas, onde os cargos mais elevados são ocupados não por mérito acadêmico, mas por conformidade com os fundamentos gramscistas de esquerda. E, como consequência, isto fez e faz a alegria do baixo clero, sempre de esquerda ideológica, nas instituições públicas, mormente escolas e universidades.

 

O destaque em “até professores” dado acima é para lembrar que, não raro, a vontade docente nas universidades, embora postulada como superior em lei (75%), é sobrepujada pela dos alunos e servidores administrativos, como se viu, por exemplo, nas últimas eleições para reitor da UFSC, numa clara quebra da ordem jurídica.

 

Essa desgraça, que resultou na mediocridade da administração pública, em geral, e nas das universidades públicas, em particular, de há muito existe nestes tristes trópicos. Ela encara as instituições públicas (universidades, em especial) como uma república de estudantes, servidores e “até professores”. Só que os “cidadãos” desta peculiar “república”, não pagam impostos. Ao contrário, recebem bolsas, ensino gratuito e salários. É uma distorção cabal. O PT, diga-se com sinceridade, apenas exacerbou a prática do aparelhamento público, ou infiltração, com a criação oficiosa do Estado Sindicalista Brasileiro.

 

Parafraseando Rolf Kuntz, afirmo que “Magnífico” já foi elogio, nas universidades públicas brasileiras, mas faz tempo.

 

A democratitica universitária, de extração comuno-gramscista, transformou este “Magnífico” em seu antônimo.


 

José J. de Espíndola

Doutor (Ph.D.) pelo ISVR da Universidade de Southampton, Doutor Honoris Causa pela UFPR, Professor Titular da UFSC, Departamento de Engenharia Mecânica, aposentado.