Será que estamos construindo uma Universidade verdadeiramente laica? No 1° turno destas eleições para Reitor da UFSC , foi observado um deputado de um conhecido partido procurando ajudar a um determinado candidato. Isto não é novidade em nossa universidade, pois ela é um caminho de promoção para a politica partidária na sociedade. Esta forma de intrometimento na vida universitária reduz esta a ser um mero brinquedo da luta politica ou social.
O conceito de “laico” por motivos históricos é considerado como “negar a religião” ou como sendo “anti-religião”. Nada mais afastado da verdade. Laico significa submeter-se somente a “verdade” sem aceitar interesses de qualquer outro âmbito seja religioso, politico (diferentes partidos) como de sociedades ou ONG que com objetivos algumas vezes bons se usam para ganhar poder.
Isto não significa que a Universidade não possa ter um dialogo com as diferentes religiões, partidos políticos, diversas sociedades, ONG etc., mas sempre e quando cada parte respeite a autonomia da outra sem interferir em alguma forma em suas decisões.
O Laico exige da universidade dois valores fundamentais: justiça e fidelidade. Justiça que significa por uma parte conseguir uma ordem básica de igualdade. Mas, por outro lado, o verdadeiro reconhecimento do mérito, do trabalho, da dedicação. Justiça nos concursos em não fazer acepção de pessoas, justiça nos problemas de professores, funcionários e alunos. Apresentei duas notas, faz dois anos ao CUN, sobre um concurso totalmente irregular e ate agora nenhuma comunicação.
A justiça esta intimamente relacionada à verdade. E a verdade exige algo fundamental a fidelidade a mesma. Sabemos que moramos num mundo onde a “mentira” é empregada sem nenhum constrangimento por pessoas, especialmente por meios de comunicação em massa, jornais e TV, que distorcem a realidade com títulos, comentários parciais etc. para impor um pensamento único especialmente no econômico, por agora, mas que é um caminho para um totalitarismo mais amplo. Assim sendo, a Universidade deveria ser o centro de analise critica da realidade empregando os princípios da logica, as verdades da matemática e a experimentação em todas as ciências exatas e humanas.
A fidelidade a verdade exige-nos saber reconhecer nossos erros e mudar quando necessário para submeter-nos a verdade. Se um determinado método de ensino ou de pesquisa não funciona devemos mudar, se uma opinião esta errada devemos reconhecer o erro e isto humanamente não é fácil, mas é sempre necessária a autocritica.
Por exemplo, existe uma verdade básica onde inconscientemente fomos levados a um erro grave. Falamos permanentemente de formar “recursos humanos”. Com isto damos ao homem um valor meramente econômico, de produção e consumo. Isto corresponde a um projeto de construir um mundo cada dia mais consumista, mais conformista e mais oprimido. A “mentira” é o grande poder da opressão. Por este razão, é tão conhecida a frase de Jesus “A verdade vos fara livres”. Não podemos nos enganar moramos num país atualmente oprimido e assim, nos somos oprimidos.
Um sábio do povo israelita expressava “Tornamo-nos aquilo pensamos que somos”. Se pensarmos sermos meros recursos humanos, meros parafusos de um sistema de produção e consumo, pouco lugar fica para a ciência, o arte, a música, a espiritualidade, tudo o que dá um sentido superior à vida.
Quando conduzidos pelos velhos paradigmas, somos levados a pensar de que somos um animal mais, produto do azar, do acaso, perdemos a verdadeira orientação da evolução e da vida que procura um infinito. Assim, ficamos sem uma orientação e procuramos esse infinito nas drogas, no consumo, nas festas, em suma, no esquecer de nossa consciência em diversões cada dia mais violentas e carentes de sentido. Às vezes festas que nos roubam nossa identidade cultural, sutilmente, como o Halloween.
No entanto, os novos paradigmas científicos demonstram que a síntese darwinista não é uma teoria satisfatória para a evolução biológica e sua visão do homem não corresponde ao que as novas pesquisas da física quântica, as neurociências, e a biologia quântica estão demonstrando. (E. Jablonka, M.J. Lamb “Soft Inheritance: Challenging the Modern Synthesis” Genetics and Molecular Biology 2008, 31, 389-95d+ Mae-Wan Ho “The Biology of Free Will” J. of Consciousness Studies 1996, 3, 231-44d+ Gradpierre A, Kafatos M. “Biological Autonomy” Philosophy Study 2012, 2, 631-49),
Um dos maiores evolucionistas de nossos tempos, o Prof. Simon Conway Morris em seu livro “Life”s Solution” escreve (cito em inglês para não alterar seu significado)” Whether we shall always remains “entirely ignorant” of what a beetle (or a bat) thinks is open to discussion. Even if we do, the complexity and beauty of “Life”s Solution” can never cease to astound. None of it presupposes, let alone proves, the existence of God, but all is congruent. For some it will remain as the pointless activity of the Blind Watchmaker, but others may prefer to remove their dark glasses. The choice, of course, is yours”.
Discutimos sobre as 30 horas que alguns técnico administrativos mereceriam, pelo seu baixo salario, quando comparados aos salários pagos pelos outros setores dás funções públicas, mas que não são todos, porque alguns tem um salario similar e ate maior que muitos professores que trabalham 40 horas dedicação exclusiva. Não acho que esteja errado, existem funções que devem ser valorizadas, mas não podem existir privilegiados, como não podem existir excluídos. Discutimos o problema do RU que é importante, mas que pode ser solucionado com bom critério e a lógica de que a igualdade é não somente de possibilidades, mas fundamentalmente de condições.
Não podemos deixar de lado o mais importante: que a universidade seja verdadeiramente laica. Que ela não privilegie nenhuma religião, nenhum partido, politico ou nenhuma organização extra universitária. Que seja fiel a verdade e a justiça, e que como obrigação primeira ensine os novos paradigmas que claramente indicam um mundo com uma orientação, uma convergência para uma transcendência pois Isto é o que necessitam com urgência os jovens alunos desorientados por um mundo que os bombardeia com noticias, mas que não lhe mostram o caminho da felicidade que é uma consequência da dedicação a uma causa justa, de ajudar aos necessitados, de lutar por um mundo melhor: mas solidário e mais fraterno. Aqueles que desejam usar ainda os velhos óculos do reducionismo materialista podem igualmente seguir usando-os. Como escreve Morris a eleição é de cada pessoa.
Que opinam os candidatos a Reitor de esta proposta?
*Rosendo A. Yunes
Professor Aposentado