A Apufsc e a segunda lei da termodinâmica

Há duas correntes antagônicas que movem o mundo.

A primeira tem a ver com a ordem, com a complexidade.

A segunda com a desordem, com o caos e com a segunda lei da termodinâmica.

Os criacionistas usam a segunda lei da termodinâmica como argumento de que a ordem não pode surgir espontaneamente da desordem.

Isto só é verdade para sistemas isolados. Na verdade há vários exemplos na natureza em que a ordem surge da desordem. Cristais de NaCl não precisam de energia para se dissolverem na água. Estes mesmos cristais se formam quando a água é evaporada de uma solução. A forma cristalina altamente organizada destes cristais pode ser sempre recuperada, mas para isto, é preciso energia. O que é verdade é que a disponibilidade de energia (Útil) tende a diminuir no universo, considerado como um sistema isolado.

Sem levar em conta a hipótese da existência de vários universos concorrentes e separados por dimensões da mesma ordem de grandeza das dimensões sub-atômicas, limitemos este texto às sociedades, em particular à Apufsc. Isto é, vamos considerar a Apufsc como um sistema termodinâmico.

A primeira constatação que fazemos é que a Apufsc não é um sistema isolado. Ela existe, adquire uma sede própria, compra móveis, admite funcionários, contrata assessorias jurídicas, enfim, se torna mais complexa, mais organizada, com a contribuição dos associados (uma fração de seus salários). Ao mesmo tempo, ela é uma sociedade plural, reunindo entes com diferentes ideologias, partidos políticos e conceitos.

Desta forma, o vetor que direciona os rumos da Apufsc seria, em princípio, o resultado do que temos em comum em toda esta diversidade (ou desordem).

Ordem e desordem, ainda que antagônicos, concorrem em parceria na formação das sociedades. Precisamos seguir a vontade comum (a da maioria) mas, ao mesmo tempo, respeitar a diversidade para não corrermos o risco de enfraquecer a entidade, tornando-a presa de um pensamento hegemônico: uma “igreja” ou uma “confraria”.

Era o que éramos em nossa época de SSind e, eventualmente, é o que viremos a ser, caso não cuidemos de alimentar esta nossa diversidade intrínseca e continuemos caminhando na direção do pensamento Único.

E mecanismos para isto existem e foram usados nesta nossa Última gestão.

De fato, comparo a Última gestão do Márcio Campos ao livro “1984” de Orwell, publicado em 1948 e transformado em filme em 1984. Em ambos os casos, o pensamento Único é alimentado pela informação, ou pela falta dela, quando a opinião do indivíduo passa a ser secundária. Na Apufsc o boletim virou mensal e o “Grande Irmão” ocupa todas as suas páginas (e fotos).

Enquanto isso a opinião do professor cessou de existir.

Os sinais de alarme já estão sendo dados com o desinteresse dos novos professores em se associarem à Apufsc, com a ausência de artigos de opinião no site e com a fuga gradativa de associados mais antigos.

Isto enfraquece a entidade e a descaracteriza como uma associação plural (diversa).

Cabe à nova direção da entidade o cuidado necessário para que, em nosso rumo em direção à organização e à complexidade, não deixemos morrer a diversidade.

E a própria natureza da entidade.


*Paulo Cesar Philippi
Professor do Departamento de Engenharia Mecânica