Dá uma alegria imensa ler um texto como este de Rodrigo Constantino, reproduzido abaixo.
Mas dá uma tristeza imensa ler um texto como este de Rodrigo Constantino. A alegria advém do óbvio ululante do que descreve e que sempre defendemos, na medida de nossas possibilidades.
A tristeza vem da constatação de que estamos perdendo a batalha pela qualidade e seriedade da nossa instituição universitária.
Estamos perdendo para a cegueira ideológica que a abate e para a mediocridade que hoje empolga o poder nas universidades federais. Estamos perdendo para a visão caolha do nosso Parlamento, que não dá um basta a esta situação lesa-pátria.
é bom realçar que não estou me restringindo ao Parlamento da era PT.
Foi FHC que assinou a Lei # 9192 de 21/12/1995 que modifica o Art. 16 da Lei 5540 de 28/11/1968 para permitir a eleição de alguns ‘magníficos’ de terceira linha acadêmica que hoje temos, trabalhando em prol da mediocridade.
Estamos também perdendo para o STF, que deu um golpe de misericórdia na meritocracia acadêmica, ao admitir como legítimas as cotas raciais.
O Art. 16 da Lei # 5540 de 28/11/1968, já na forma ditada pela Lei # 9192 de 21/12/1995, assim reza: “O Reitor e o Vice-Reitor de universidade federal serão nomeados pelo Presidente da República e escolhidos entre professores dos dois níveis mais elevados da carreira ou que possuam título de doutor, cujos nomes figurem em listas tríplices organizadas pelo respectivo colegiado máximo, ou outro colegiado que o englobe, instituído especificamente para este fim, sendo a votação uninominald+” (O destaque é meu)
Ora, pois, a atual ‘magnífica’ da UFSC não atende ao quesito de pertencer a um dos dois níveis mais elevados da carreira (ela é, apenas, adjunto IV). Mas (neste país há sempre um “mas”, o “mas” que caracteriza o famigerado jeitinho brasileiro), como ela tem o grau de doutor, mesmo que outorgado por um curso de qualidade duvidosa (História da PUC-São Paulo, nota 04 na classificação da Capes, que vai de 01 a 07), está aí, humilhando os docentes de respeitável currículo acadêmico, que são forçados a prestar-lhe as reverências devidas à função.
E tem mais.
Por aquele absurdo artigo da Lei 9192 (FHC às vezes assinava sem ler, ele mesmo já confessara isto de público) qualquer neófito, mesmo um iniciante Assistente, pode ser eleito ‘magnífico’ reitor, desde que possua o grau de doutor, mesmo que conferido pela universidade de Deus me Livre! Isto seria análogo a um jovem padre, mas com o doutorado em Teologia, vir a ser eleito Papa e, consequentemente, passar a presidir o Colégio dos Cardeais.
Ou o caso de um Major do Exército, mas com o diploma da Escola Superior de Guerra, vir a ser nomeado Ministro do Exército, ou, quem sabe, ser eleito ‘democraticamente’ comandante do Terceiro Exército, com jurisdição sobre os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Claro, os generais que estão lotados nesta região deverão bater respeitosa continência, de cima para baixo, como costumam falar, ao seu Major Comandante.
Eu fico aturdido, quando penso nessas coisas.
Perdeu-se de todo o bom senso neste país?
Dispensou-se do hábito de pensar o óbvio e o senso comum?
Parece que sim!
As consequências estão aí nas estatísticas sobre universidades que nos envergonham.
Porque não se procura mudar este statu quo absurdo, como primeiro passo para a valorização do mérito acadêmico?
Por que não seguir os procedimentos adotados nos países avançados, onde não há lugar para pressões ideológicas burras e onde as universidades deram certo e representam instrumento fundamental de desenvolvimento humano, científico e tecnológico?
Leiam, por favor, o artigo abaixo de Rodrigo Constantino, ao qual acrescento alguns destaques e duas notas de rodapé.
*José J. de Espíndola
Professor aposentado da UFSC
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Por que o Impa é tão diferenciado?
(Rodrigo Constantino, 15/08/2014)
Antes de mais nada, gostaria de registrar com algum atraso meus parabéns a Artur Avila pela Medalha Fields, considerada o “Nobel da matemática”. Avila é meu conterrâneo, um carioca com apenas 35 anos e pesquisador do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa). Foi o primeiro brasileiro a receber tal prêmio, o que merece efusivos aplausos e serve de grande estímulo aos mais jovens.
Como disse Carlos Heitor Cony na rádio CBN hoje, o Brasil não tem tanta tradição em ciências exatas, apesar de ter ótimos pesquisadores na área. Historicamente, sempre demos mais peso às ciências humanas, o que talvez explique em parte nossa desgraça. Há muito antropólogo, filósofo, psicólogo, historiador e sociólogo, quase todos de esquerda, para pouco matemático, físico ou engenheiro. Somos bem diferentes dos asiáticos nesse quesito.
Nesse texto, pretendo apenas lançar algumas reflexões acerca do evidente sucesso do Impa, que já foi chamado de “Harvard brasileira” muito antes do prêmio, até porque coleciona diversos outros no currículo. Trata-se, sem dÚvidas, de um instituto de pesquisa com enorme prestígio no país e no mundo. Por que?
Para começo de conversa, o Impa preza muito a meritocracia* É, nesse sentido, uma instituição elitista**, sem preocupação com o preconceito que tal termo carrega hoje em nosso país. São poucos pesquisadores, pois a “democratização” do ensino, para usar o termo em voga pela esquerda, seria sinônimo, naturalmente, de caminhar rumo à mediocridade.
Em outras palavras, é preciso ser realmente diferenciado e demonstrar uma inteligência e um esforço acima da média para chegar e continuar ali. Cotas raciais? Inclusão social? Redução do nível de cobrança para abarcar o menor denominador comum? Nem pensar! Essas coisas não entram ali, e por isso mesmo o Impa pode preservar sua busca por excelência.
Em compensação, e por ser uma autarquia, o Impa paga bons salários, também acima da média, como deve ser para valorizar o mérito. Mas não pensem que é parecido com o que costuma ocorrer nas universidades federais e estaduais, com salários razoáveis, mas pouca cobrança. Os pesquisadores, para manter seu tenure, precisam entregar resultado. Não fazem concurso e depois se acomodam, como muitas vezes vemos nas federais. Precisam trabalhar mesmo, produzir, para garantir seu espaço.
O Impa também abraçou com vontade o mundo globalizado, compreendendo que o conhecimento relevante não tem nacionalidade. Preconceito com o estrangeiro, com o inglês, como vemos com frequência em nossa elite “intelectual”? Piada. Como diz a reportagem da Veja de 2011:
Pelos corredores, o silêncio monástico é cortado de tempos em tempos por diálogos em português, inglês, francês e espanhol. Não raro, incorporam-se a essa babel de idiomas expressões em russo e mesmo persa, uma das línguas mais antigas do planeta.
Ambiente estimulante e aberto para quem realmente quer pensar e pesquisar, assim é no Impa. E aceita doações também, de ricos empresários que desejam contribuir com seu avanço e ter uma cátedra com seu nome em contrapartida.
Ou seja, o Impa é a instituição brasileira de ensino avançado que mais se parece com as americanas. Por isso o rótulo de “Harvard brasileira” é justo. Ficou blindado da poluição ideológica que assola nosso país. Como diz a conclusão da reportagem: “As portas estão abertas. Mas apenas para os Artur Avila. Parabéns!
PS: Nas áreas de humanas das federais e estaduais temos “professores” que se mascaram de black blocs e “ensinam” a seus alunos as “maravilhas” do marxismo. Marilena Chaui, da USP, ganha um belo salário para ficar acusando a classe média de ser “fascista” e despejar todo seu ódio contra trabalhadores “burgueses”. Guilherme Boulos, (de)formado em filosofia também na USP, lidera um grupo de invasores criminosos, financiados ninguém sabe direito por quem, para implantar no Brasil o “lindo” modelo cubano. Camila Jourdan, que dá aulas de filosofia na Uerj, foi até presa recentemente. Como cobrar bons resultados assim?
Nota de rodapé do José J. de Espíndola
* “O Impa preza a meritrocacia” . Se não fosse assim, não teria premio Fields. As instituições acadêmicas do mundo avançado, que produzem ciência e tecnologia de qualidade, que são agraciadas com reconhecimento e prêmios relevantes, prezam a meritocracia. As instituições que, ao contrário, fustigam a meritocracia, prezam a mediocridade.
** “O Impa é uma instituição elitista”. De novo, se não fosse assim, não teria prêmio Fields. Elitista não quer dizer, como a mediocridade quer fazer entender, gente frequentadora do “café society”, que aparece nas páginas da revista Caras, ou simplesmente que nasceu em berço de ouro. Pelo contrário, o elitismo do Impa e das boas universidades do mundo não é compatível com o elitismo de Caras, do “café society”, das colunas sociais. Nem distingue raça, origem (inclusive social), nem fortuna, tanto que reserva bolsas para os carentes de recursos financeiros. Mas não reserva vagas para os carentes de recursos cerebrais. A Única exigência do elitismo acadêmico é a capacidade intelectual para entender a complexidade das ciências, das engenharias e a demonstração de que, após uma profunda formação, poderá o candidato ampliar o estado da arte do seu campo de conhecimento.