Recebi uma crítica de um leitor, que se esconde por trás do pseudônimo ‘Estudante da UFSC’, sobre o meu primeiro artigo com o título acima. É só besteirol e, a certa altura, diz: “…não procura nem criticar o modelo proposto pelo GT (grupo de trabalho) democracia do cun.” (sic)
Eu não pretendia responder a “such a load of rubbish” até porque há coisas mais importantes a fazer. Mas, pensando melhor, acabei vendo aqui uma oportunidade para ampliar o esclarecimento do leitor sério e sensato sobre coisas relacionadas a tal grupo de trabalho, autodenominado ‘GT democracia da UFSC’.
Trata-se de um grupo de trabalho instituído pela reitora popular e progressista, Roselane Neckel, de extração do notório CFH, aliás a personagem mais tristemente destacada no “affair” que ficou conhecido como a Revolta da Maconha da UFSC. O objetivo de tal grupo, criado pela democrática reitora, através da Portaria # 23432013/GR de 10/12/2013, é, como nela consta: “… construir uma proposta de revisão e atualização das normativas em torno da consulta informal à comunidade universitária para a escolha de reitores.”
Veja-se que se trata de atribuições importantíssimas, essas delegadas ao tal GT, já que relacionadas à escolha do ocupante da mais elevada função da universidade, aquele que será tratado, reverentemente, por ‘magnífico’. O leitor certamente já está a imaginar que a popular e progressista reitora foi buscar os mais renomados, prestigiados e experientes quadros da docência da UFSC para compor aquele GT, com tão elevadas atribuições.
Ledo engano!
Sem citar nomes, informo ao boquiaberto leitor que o tal GT tem como presidente um servidor administrativo (não professor) do CED (Centro de Educação da UFSC), trabalhando em serviços administrativos no MEN, Departamento de Metodologia do Ensino.
Como? Um servidor administrativo na presidência de deste GT com tal elevada prerrogativa de normatizar a consulta para a escolha do reitor? Sim, incrédulo leitor, e por aí se nota a visão de universidade de nossa progressista e popular reitora. Mas vamos em frente. No mesmo GT, a democrática reitora colocou mais um técnico-administrativo, já não bastasse o presidente.
Continuando, no mesmo grupo altamente democrático foram incluídas duas alunas de graduação, já sabidas militantes políticas: são oriundas da chapa 1 que concorreu, ano passado, para representação no CUn, Conselho Universitário, o mais elevado (em teoria, pelo menos) colegiado da UFSC. O que chama atenção é a plataforma desta Chapa 1, que listo abaixo, tomando a liberdade de fazer comentários, entre parêntesis:
1) por um protagonismo estudantil autônomo atuante dentro das esferas universitáriasd+ (O que já existe, em excesso)
2) pela ampliação das cadeiras estudantis no Conselho Universitário e demais órgãos colegiados visando representação paritária (!!!!) (O espanto e o grifo são meus)
3) Em defesa de projetos de pesquisa-extensão populares. (Não sei o que sejam projetos de pesquisa-extensão populares. Imagino que busquem descobrir coisas como, por exemplo, uma Lei da Gravitação Universal Popular, para fazer frente àquela descoberta por Sir Isaac Newton (1643-1727), muito aristocrática, muito burguesa, por certo. Ou, quem sabe, uma pesquisa para a descoberta de um Bóson de Higgs Popular, seja lá o que isto for. Mas, repito, desconheço o conceito de pesquisa (extensão) popular. Peço desculpas aos ilustres membros do GT e à progressista e popular reitora que o constituiu pela minha confessa ignorância no assunto.)
4) em defesa do Hospital Universitário 100% SUS. (Credo cruz! (até rimou). O Lula e a Dilma, que quando precisaram fugiram do SUS, não aprovariam esta proposta.)
Certamente tão brilhante plataforma deve ter inspirado a progressista e popular reitora para incluir as duas alunas no GT democracia.
Portanto, até agora se contabilizou dois servidores administrativos e duas alunas militantes políticas de esquerda no tal GT democracia torta. .
Um único professor colocado pela democrática reitora neste GT está lotado no Colégio de Aplicação da UFSC (professor de nível colegial, secundário). Este professor do CA é também reconhecido como Diretor de Imprensa de um aparelho do Andes-SN (Sindicato Nacional dos Docentes) localizado no edifício Max e Flora, na Trindade. (Falou-se aqui em ‘aparelho’ porque o Andes-SN não tem, por decisão judicial, jurisdição no Estado de Santa Catarina. Sua atividade sindical, neste Estado, é ilícita). Pela sua atividade sindical ilícita, a popular e progressista a reitora deve ter considerado este professor do CA muito experiente e bem informado (como os quatro membros já anteriormente citados) sobre o funcionamento de uma universidade de ponta, de alta reputação no mundo pela qualidade do ensino e da pesquisa que produz, embora e certamente não pesquisa popular, já que este conceito só é conhecido, e talvez praticado, nestes nossos tristes trópicos.
Para ser completo e justo, devo dizer que um professor de nível universitário também foi escolhido pela reitora, mas este se demitiu sem, ao que consta, ter participado do GT. (Nem tudo está perdido, é o que parece).
Dizem os evangelhos que uma árvore ruim não pode dar frutos que prestem. Ou, alternativamente, pelos frutos ruins se conhece a árvore também ruim.
Este GT é fruto de uma árvore – a nossa progressista e popular (Salve, João Amazonas) reitora – e representa claramente a imagem mental que esta senhora tem de universidade. Na realidade, a visão de universidade desta senhora sem currículo público (Lattes) é a de um grande colégio de terceiro grau. De universidade, tal como esta instituição é entendida no mundo avançado, nem pensar.
Este GT é um acinte, uma humilhação e uma bofetada na inteligência e na competência acadêmicas. É uma ofensa e desconsideração a quem trabalha e estuda pesado, produz boa ciência, boa tecnologia, cria, lidera e mantém grupos de pesquisas, cria e mantém laboratórios. E cria e mantém isto tudo sem recursos orçamentários, mas com os gerados através de projetos de pesquisas financiados por agências de fomento, não raro em associação com o mercado produtivo. E consegue esses financiamentos porque tem credibilidade científica, cultural e tecnológica.
Este GT é a negação de tudo isto que trás reputação e honra acadêmica à universidade!
Este GT é a cara da nossa administração popular e progressista, liderada por essa reitora. E esta administração é também a razão de muitas aflições do estamento acadêmico competente, produtivo e idealista, que sonha em ver a UFSC no rumo de uma classificação honrosa nos rankings internacionais, mas observa que somos forçados a trilhar um rumo oposto.
O relatório deste GT, anuncia-se, está pronto para ser discutido e votado no CUn.
Ele aponta como redenção para a UFSC o voto universal e paritário, a criação da república da UFSC, esta palhaçada subtropical que não se vê no mundo desenvolvido.
Os evangelhos não erram: uma árvore doente não dá frutos saudáveis.