As universidades públicas federais existem para poder fornecer a sociedade que as sustentam, os melhores profissionais que um país necessita nas diversas áreas do conhecimento humano. Para mantê-las, a sociedade paga muito e exige delas o máximo de eficiência neste quesito. Estas instituições possuem regras claras e objetivas que norteiam seu funcionamento interno, ou seja, seus Regimentos e Estatutos, que são elaborados pelos representantes das três categorias que compõe seus quadros.
O que se observa atualmente na UFSC é o total desrespeito aos princípios que estão estipulados em seus regimentos internos, estatutos e normas de conduta que todos os três segmentos desta universidade tem que obedecer para que seu funcionamento não seja prejudicado. A Administração Central da UFSC desde sua posse no ano de 2012 tem tomado medidas administrativas que nitidamente prejudicam em muito as três categorias presentes na UFSC, tanto professores como servidores e estudantes.
A tal “transparência” da qual a atual administração sempre menciona, não é observada em diversas situações nos órgãos administrativos centrais, desde a posse da atual gestão. São vários os exemplos de “falta de transparência” da atual gestão, a começar pela compra do Edifício Santa Clara, que foi notificada pelos jornais locais e recebeu parecer contrário a mesma do Conselho de Curadores, provocando uma série de desdobramentos que acabaram por denúncia ao Ministério PÚblico Federal, podendo acarretar em processos judiciais a serem respondidos pela Reitoria da UFSC e aos membros do atual Conselho Universitário. O processo se encontra hoje com mais de 400 paginas após denuncia feita naquele órgão por um cidadão que não faz parte do Conselho de Curadores. As irregularidades foram apontadas pelos membros do Conselho de Curadores, e a administração Central da UFSC, não levou adiante os vários encaminhamentos solicitados. Também não levou para o Conselho Universitário este processo, conforme foi solicitado pelo Conselho de Curadores, desde o mês de Agosto. O CUn é a instância deliberativa responsável pelas decisões administrativas que o caso requer. Desde o mês de Agosto de 2013 até o final do mês de Setembro, foram várias reuniões do CUn, sem a devida discussão deste processo dentro deste Conselho. O que houve foi a instalação de um “Grupo de Trabalho” para fiscalizar o Conselho de Curadores. Tal ” grupo de trabalho” foi nomeado pela Reitoria da UFSC, através de portarias, após a resolução vetando a compra do referido edifício, mas não se efetivou. Os professores nomeados pela Reitora se recusaram a participar deste tipo de absurdo administrativo, demonstrando assim, que ainda existe ” bom-senso” em alguns membros da administração central da UFSC. A imprensa local desta cidade já publicou notas sobre o caso. As portarias de nomeação foram revogadas.
Quando se observa os vídeos disponibilizados no site do CUn no mês de Agosto, verifica-se uma enorme baderna causada por alguns estudantes da UFSC na reunião do dia 20/08/2013 à tarde, na qual ocorreram agressões verbais, vaias e imposição do final da reunião por alguns estudantes contra a opinião de alguns conselheiros sobre processos que estavam sendo analisados pelos conselheiros. O vídeo mostrava claramente tais fatos, mas sofreu uma edição por “alguém” dentro da UFSC e foram retiradas “algumas cenas” do mesmo, que nitidamente demonstravam tais fatos, inclusive o mais inusitado fato de que a Reitora foi impedida de encerrar a reunião devido à gritaria generalizada provocada pelos estudantes presentes. Todos os membros do CUn foram testemunhas deste fato, mas até a presente data não tomaram nenhuma providencia que o caso requer, conforme mandam os estatutos e regimentos internos da UFSC.
Desta forma o direito de se manifestar em uma reunião dos órgãos colegiados superiores da UFSC, ficou vinculado apenas á conveniência ou não de alguns membros da administração central da UFSC. Parece-me, que esta não é exatamente a forma mais democrática de se conduzir uma reunião de um órgão colegiado superior dentro da UFSC.
O atual CUn está submetido ao seu regimento interno, seus membros devem ter a liberdade de se expressarem e serem ouvidos, mesmo que discordem frontalmente da matéria a ser analisada ou da votação da maioria de seus componentes. Neste mesmo regimento, a Reitora tem por obrigação conduzir os processos e o andamento do mais importante conselho da UFSC. A partir do momento que este órgão superior da UFSC passa a ser controlado por um grupo de estudantes radicais, com o apoio da Administração Central, está estabelecida a base para a destruição de qualquer instituição federal de ensino superior.
Desde sua posse, a Reitoria da UFSC tem tomado medidas para programar uma série de mudanças administrativas, conforme foram prometidas em sua campanha para ocupar tal cargo. Várias destas medidas foram acatadas pela comunidade acadêmica, mas muitas delas foram feitas em total desacordo com as normas regimentais presentes na UFSC. São constantes os processos contra os membros das administrações anteriores, as trocas de servidores de cargos nos quais já tinham experiência anterior, imposição de determinadas condutas que ferem o código de ética dos servidores públicos federais e muitas atitudes que deixam perplexos a maioria dos professores mais experientes que sempre participaram e colaboraram com as administrações anteriores.
é obvio que nas administrações passadas foram cometidos erros e acertos, como na atual. Está muito claro para todos, que são várias frentes de trabalho a serem implementadas em uma administração acadêmica tão complexa como a da nossa universidade, mas não é salutar realizar uma “caça as bruxas” dentro da UFSC, apenas com base em alguns parâmetros políticos questionáveis, como a atual administração da UFSC está fazendo. As fundações de apoio desta universidade podem e devem ser fiscalizada pela comunidade acadêmica e atualmente isto é feito dentro dos regimentos e normas administrativas internas. O que ocorre é uma “demonização” das mesmas pela atual administração, provocando atrasos em projetos e uma enorme perda de tempo e dinheiro para a própria UFSC.
A democracia para mim representa a vontade da maioria. A atual administração da UFSC não está agindo de forma democrática quando atende apenas aos reclamos de uma pequena parcela de professores radicais que sempre tentaram alcançar o “poder” dentro da UFSC. Deve-se lembrar de que a eleição da atual administração da UFSC se deu devido ao voto dos estudantes principalmente, já que boa parte dos professores e servidores da UFSC não votaram na atual administração. Após as eleições, acredito que não se deve mais levar em conta as “antigas e velhas” mágoas. Acredito que se deve administrar esta universidade para todos e não apenas para atender uma pequena parcela radical de estudantes e professores da UFSC. Não estou encontrando nenhum segmento acadêmico dentro deste campus que não tenha várias e sólidas convicções de que a atual administração da UFSC está cometendo muitas irregularidades absurdas na condução desta universidade.
Prezo muito esta Universidade, mas estou realmente cansado de ouvir pelos corredores da UFSC a enorme quantidade de queixas contra a administração central desta universidade É fundamental que os membros do CUn , tenham uma postura mais contundente quanto as graves irregularidades que estão acontecendo na Administração Central da UFSC, sob pena de serem coniventes com a destruição desta instituição de ensino superior.
Ricardo Tramonte.
Professor Associado IV Endashd+ MOR CCB.