Sempre que encontro algum (a) amigo (a), ou colegas nas ruas ou no Campus, perguntam sobre a minha saúde! Preocupação em face do acidente vascular ocorrido um ano atrás. Em segundos vem à mente como o tempo passa rápido e como os planos pessoais mudam, principalmente diante de fatos novos. Há necessidade de avaliar esses fatos ocorridos que nos permitem crescer e evoluir, para melhor. Afinal, a saúde é um bem precioso ao qual se dá ainda mais valor após um “susto”, um sinal de algo que pode ser irreversível!
Pois, então! É nesse contexto, que a Gestão da UFSC no poder desde dia 10 de maio de 2012, precisa ser avaliada. É a obrigação de quem a apoiou, como foi meu caso, mesmo que aderindo no segundo turno da eleição, de contribuir com a crítica que permita a reflexão e a mudança de posturas que se fazem necessárias. Até hoje, encontrei poucos integrantes da comunidade que fizessem algum elogio à Gestão. E olha que converso com muitos amigos (as) e conhecidos (as) no Campus e na cidade.
A reflexão que faço pauta-se pelo entendimento de que existem questões prementes que devem ser encaradas frontalmente na UFSC . É com a participação direta da comunidade universitária (docentes, técnico-administrativos em educação e estudantes) que se deve determinar com firmeza os limites da grandeza de uma casa da Educação, do Saber e do Conhecimento. É a pequenez dos procedimentos que vem sendo utilizados para a manutenção do poder pelo poder, centralizadores, nem sempre transparentes, para dividir e cooptar a comunidade.
Ao invés da tentativa evidente de mascarar com eufemismos retóricos a existência de problemas internos à universidade, é preciso enfrentá-los com a máxima prioridade na busca das soluções, pois não se pode abdicar, em nome da segurança jurídica, da autonomia universitária e, por conseguinte da gestão democrática e participativa na instituição.
Ferem-se as regras básicas de convivência e respeito às pessoas que compõem a UFSC, haja vista o fato ocorrido no Conselho Universitário onde não se discutem decisões que dizem respeito à aplicação de recursos públicos (caso da aquisição do imóvel que pomposamente se inaugura para fins administrativos, enquanto prédios de laboratórios e salas de aula no Campus e nos Campi permanecem sem infraestrutura mínima, a exemplo do prédio EFI – Espaço Físico Integrado). A falta de uma relação franca e transparente com a entidade representativa dos docentes, a APUFSC-Sindical. Integro o Conselho de Representantes da APUFSC e recebo informações que a Reitora sequer se digna em atender a diretoria da entidade para discutir questões de interesse dos docentes, como o Plano de Saúde.
A UFSC que queremos e que podemos ter continua clamando por uma diretriz cabível e pertinente à gestão na atual circunstancia da instituição e ao papel que ela tem a obrigação de desempenhar junto à Sociedade: servi-la sim, mas ser capaz de estar um passo à frente, provocando e propondo soluções.
A Gestão das professoras Roselane Neckel e Lúcia Pacheco que foram conduzidas pela comunidade universitária para a real possibilidade de iniciarmos a (re) construção de nossa UFSC, vem frustrando e decepcionando pela forma centralizadora e vagarosa nas respostas à comunidade com que vem conduzindo a administração em diversas dimensões.
E aqui aponto alguns pontos que considero prioritários e essenciais para a comunidade e que até o momento não foram abordados pela atual gestão.
Na dimensão administrativa , não se iniciou a discussão da flexibilização da estrutura da UFSC, bem como o aperfeiçoamento da política de segurança (inclua-se aqui o sistema de iluminação), bem como de ações sociais no Campus e no seu entorno. O Fórum de Diretores de Centro, que outrora discutia sistematicamente questões de interesse das unidades, está esvaziado. Criaram-se cargos de adjuntos ao nível de Pró-reitores que bem poderiam ser assessores. A correlação de forças no plano administrativo não é condizente com a realidade da comunidade universitária.
Na dimensão acadêmica , a falta de discussão dos critérios para o concurso docente que valorize o mérito acadêmico como base da sustentação da qualidade, o pequeno avanço na revalorização da graduação, a rediscussão do REUNI e a regulamentação do ensino a distancia, bem como a utilização social das vagas remanescentes em cursos e disciplinas para fins sociais. Ao mesmo tempo a integração dos programas de Pós-graduação, Pesquisa, Inovação (inexistente) e Extensão Universitária para o desenvolvimento da Sociedade, permanecem na boa vontade e intenção de seus diretores administrativos.
Na dimensão humana , pouca atenção e reafirmação da arte e a cultura como função primordial da universidade como base para a humanização do Campus e Campi bem como na promoção de meios para a evolução dos seus quadros via programa de educação permanente. Por outro lado, é de se perguntar quais são os critérios de competência, equidade e transparência na alocação de Cargos de Direção (CD´s) e Funções Gratificadas (FG´s).
Na dimensão política e social , remover obstáculos ao real uso da instituição como ente público e gratuito: oferecer gratuidade na inscrição ao vestibular, eliminar as taxas acadêmicas e definir o valor de um salário mínimo para a bolsa permanência, manter o HU totalmente público e reabrir a questão da URP no âmbito do Conselho Universitário.
Sobretudo, através destas ações e de outras cabíveis, estar sempre buscando a promoção do bem-estar social da comunidade universitária, a retomada de seu orgulho de ser UFSC e a priorização do que uma universidade tem de mais importante: ser uma rede de saberes e conhecimentos complementares, tanto formais quanto tácitos. E não um aglomerado de prédios e centros desarticulados a competir entre si. Reuni-los com amor incondicional à nossa UFSC é a missão que se apresenta, pois o que está em jogo continua sendo o futuro da UFSC.
Acredito, confio e faço votos que, nos próximos três anos da Gestão, irá prevalecer o caráter republicano, a transparência e meios através dos quais se possam construir efetivamente os caminhos do diálogo intra-campus e entre-campi, bem como ampliar as relações com a comunidade catarinense, no plano municipal e estadual.