Setores da comunidade científica reagiram ao nome do deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP) para o Ministério da Ciência e Tecnologia.
Diante disso, a presidente Dilma Rousseff informou a interlocutores que busca um outro lugar para o aliado.
Pessoas próximas de Chalita disseram que ele próprio recebeu sinais recentes de que sua ida para o ministério já não é dada como certa. Nos últimos dias, interlocutores presidenciais acentuaram críticas de que o peemedebista, por ser muito religioso, misturaria os conceitos de ciência e fé à frente da pasta.
Pessoas próximas ao deputado, porém, ponderam que ele é professor universitário e possui dois doutorados, apesar de seus laços estreitos com alas mais tradicionalistas da Igreja Católica.
Vem justamente daí sua aproximação com Dilma. Na campanha de 2010, ele foi fundamental para desfazer rumores de que era favorável ao aborto e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Chalita também foi peça-chave na campanha de Fernando Haddad (PT) à Prefeitura de São Paulo em 2012.
Quem acompanha as negociações para mudanças na equipe ministerial diz que Dilma tem simpatia pelo aliado, mas não gostaria de comprar uma briga agora com um setor crucial à sua bandeira pela inovação tecnológica.
A área, por sinal, é vista pelo Planalto como o ponto fraco do atual titular da pasta, Marco Antonio Raupp. A Folha apurou que ele ainda poderia ser substituído, mas por um nome de perfil parecido.
A Folha apurou que Chalita pode ser acolhido em outra pasta. O Turismo, hoje ocupado pelo peemedebista Gastão Vieira, é apontado como o caminho mais natural.
Para reforçar essa tese, interlocutores presidenciais afirmam que a pasta, hoje comandada por um afilhado político de José Sarney, deu ao Maranhão o segundo ministério do governo –Minas e Energia é ocupada por Edison Lobão, senador licenciado pelo mesmo Estado.
O PMDB inicialmente não apresentará resistências à não indicação de Chalita –que também é cogitado para disputar o Palácio dos Bandeirantes em 2014–, desde que isso faça parte de uma estratégia de Dilma para ampliar sua base de apoio no próprio partido. Exemplo: acomodar um peemedebista de um Estado considerado sub-representado na Esplanada, como Minas Gerais.
Dilma deve concluir sua minirreforma no alto escalão em março. Ao menos uma lógica ditará esse jogo: contratar apoio futuro à reeleição. A acomodação do PSD, portanto, atende a esse critério.