Marcado por cenas de guerra e violência nos últimos anos, o Oriente Médio está a caminho de ganhar seu primeiro acelerador de partículas síncrotron, produto de uma rara ocasião de cooperação entre países islâmicos e Israel.
O síncrotron será usado por pesquisadores para estudar uma aplma gama de assuntos, desde vírus e medicamentos a novos materiais. Depois de anos de discussões sobre a viabilidade do projeto, a construção do acelerador está em um estágio avançado e, graças ao financiamento conjunto dos países envolvidos, pode começar a operar em 2015.
O projeto, batizado de Sesame, tem o apoio de nações como Turquia, Paquistão, Chipre, Irã e Israel – os últimos dois trocam ameaças frequentemente e se consideram inimigos mortais – e reuniu cientistas no início do mês na Jordânia, país que abrigará o acelerador.
Os síncrotrons funcionam como um microscópio gigante e se tornaram uma ferramenta indispensável para a ciência moderna. Há cerca de 60 aceleradores do tipo em todo o mundo, a maior parte deles em países desenvolvidos – um deles em Campinas, no Estado de São Paulo. Será o primeiro acelerador do tipo no Oriente Médio.
O objetivo de estimular a pesquisa avançada na região – e até abrir um novo caminho para diálogos de paz – surgiu nos anos 1990. Assim como o Cern (Centro de Pesquisas Nucleares da Europa, responsável pelo LHC) reuniu cientistas de nações rivais na Segunda Guerra, o Sesame vai permitir que pesquisadores do Oriente Médio colaborem entre si.
O conselho de governo do Sesame é chefiado por Chris Llewellyn Smith, físico britânico que já esteve à frente do Cern, em Genebra. Equotd+(O projeto começou) por causa da pressão feita pelas comunidades científicas desses países ao ignorar as barreiras políticasEquotd+, disse ele. Equotd+A ciência é uma língua comum – se podemos falar, possivelmente podemos construir caminhos confiáveis que vão ajudar nas outras áreasEquotd+, completou.
Apesar da enorme sensibilidade política da região, o projeto já tem aberto canais de comunicação bastante efetivos, fazendo com que os líderes do projeto já pensem em criar uma comissão entre os países envolvidos para tomar conta do Sesame, que também deve contar com a participação de palestinos e egípcios.
O próximo estágio das obras tem financiamento multinacional – Israel, Irã, Jordânia e Turquia constribuíram com US$ 8 milhões cada. O sistema de magnetismo foi doado pelo Cern e custou o mesmo valor. O Paquistão cedeu a mesma quantia. Faltam agora cerca de US$ 16 milhões para obras suplementares na estrutura do acelerador e para as acomodações dos cientistas.