A “luta” continua?

Dia 14 de setembro de 2012, 17h33, depois da aula  ligo o computador  e vejo que o Comando Nacional de Greve da Andes, decidiu a manutenção da greve e enviou “ordens claras” para todos os seus subalternos, de manter a “luta”, com a seguinte frase de efeito:

“ a greve é forte e a luta é agora”.

Dá para acreditar nisto? Como é possível que professores universitários tenham este tipo de comportamento?

Pelo mesmo computador recebi notícias de todos os outros canais de comunicação deste país informando que a maioria das universidades já saiu da greve há mais de uma semana.  O Andes insiste em dizer que a tal “luta” continua como está postado no seu “site oficial”.

A minha duvida é: Continua para quem? Para um minúsculo contingente de professores dentro das universidades, como sempre aconteceu? Continua para aqueles que nunca aceitaram ou consultaram a maioria dos seus associados? Continua para aqueles que acreditam que são realmente representados pela Andes?

Afinal, quem comanda esta enorme bagunça provocada por alguns poucos, com uma enorme capacidade de não aceitar uma simples opinião política contrária a sua?

É este o tipo de sindicalismo que nos representa em Brasília? È desta forma desordenada e sem nenhum tipo de objetividade que um comando de greve se instala? É isto que alguns colegas defendem bravamente como “único representante legal dos professores”?

Afinal, nós professores temos que aceitar as “ordens” de um comando nacional, ou não?

Onde está a “saída unificada da greve”? Como ficam aqueles que se filiaram ao “grupo de professores” que teimam em não acatar as decisões tomadas em assembléias representativas como faz a Apufsc-Sindical? O que estes colegas vão fazer? Esperar que o comando decida quando eles podem dar aulas? Vão continuar indo as assembleias da Andes, indicando delegados, pagando suas despesas em Brasília e se acharem por bem, vão sair da greve, quando decidirem em assembléias com mais de 10 pessoas, ou menos se acharem válida.

Se este tipo de comportamento é válido, então eu pretendo reunir uns 12 colegas na UFSC, em assembléia democrática, e decretar que o meu salário deve subir 150% a partir de hoje, senão eu entro em greve….. por tempo indeterminado…..sem dar importância nenhuma a ninguém, além dos meus “grandes e valorosos companheiros de luta”.

O pior é que tem colegas que ainda acham válido e muito significativo ficarem horas discutindo dentro dos muros da UFSC o “sexo dos anjos”.
Eu realmente prefiro dar aulas aos meus alunos, em vez de perder meu tempo com este tipo de besteira, assim como a grande maioria dos meus colegas filiados a Apufsc-Sindical.

Ricardo Tramonte.
Professor do Departamento de Morfologia – CCB