As quatro universidades federais sediadas no estado não iniciarão as aulas do segundo semestre enquanto perdurar a greve dos professores, iniciada em 17 de maio. Em todas as instituições o calendário de atividades está suspenso e será retomado após o término das paralisações. Em nenhuma das instituições foi oficializada a perda de semestre, embora haja professores e alunos que consideram a possibilidade.
Segundo a reportagem da Agência Brasil apurou, as atividades de pesquisa e o atendimento nos hospitais universitários continuam, com prejuízos pontuais, enquanto as atividades de graduação estejam interrompidas. Serviços não essenciais que dependem de funcionários, como bibliotecas, estão, em geral, sem atendimento.
Nenhuma das universidades teve paralisação completa na pós-graduação, embora a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) tenha optado pela paralisação oficial mesmo dessas atividades.
Maior e mais antiga instituição no estado, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) tem paralisação forte na área de ciência humanas, com mais de 90% dos professores aderindo à greve. Nas ciências biológicas, a adesão é 60%. As demais áreas têm adesão de 20%, segundo estimativas da Associação de Docentes da UFRJ.
“Não pode haver dois calendários ao mesmo tempo, então mesmo os alunos que não aderiram à greve estão sendo forçados a entrar em greve, porque não conseguimos nem nos inscrever nas matérias. Alguns cursos terminaram o semestre anterior, outros não”, disse o estudante de estatística, Arthur Khalil Inácio, que informou que as atividades de pesquisa do núcleo em que participa não foram interrompidas.
O estudante de engenharia química Ricardo Wanderley também terminou o semestre anterior, mas não iniciou as atividades neste semestre. “No último semestre a biblioteca tinha funcionado em alguns horários enquanto havia aulas, mas agora parou de vez”, disse.
Entre os docentes a situação é semelhante. “A categoria está em greve. Eu não entrei (em greve), mas tive uma turma que entrou. Terminei aquelas aulas das turmas que não entraram em greve e uma turma ficou pendente. O segundo semestre não começou em relação à graduação. [Foi possível lançar as notas no sistema] só da pós-graduação. Como o calendário [da pós-graduação] é por programa vão iniciar as atividades logo. O programa que eu participo, por exemplo, é semana que vem que começa”, disse a professora do Instituto de Química, Magaly Albuquerque.
Segundo a assessoria de comunicação da UFRJ, as atividades de apoio realizadas por funcionários técnico-administrativos em laboratórios e bibliotecas estão paralisadas, ao passo que o atendimento no hospital universitário segue, com algum comprometimento, havendo faltas de parte do corpo técnico.
Na Universidade Federal Fluminense (UFF), sindicato e reitoria não estimaram a quantidade de funcionários parados, em qualquer das categorias. Segundo a associação de docentes houve paralisação inclusive em programas de pós-graduação.
Na UniRio também houve paralisação em parte da pós-graduação, segundo a professora Clarissa Gurgel, do comando de greve. Embora a informação tenha sido confirmada pela reitoria, nenhuma das entidades têm estimativas da quantidade de programas de pós ou de cursos de graduação parados, apesar de informarem que existem docentes grevistas em todos os cursos da instituição.
Segundo Oscar Gomes da Silva, coordenador geral da entidade da Associação de Trabalhadores em Educação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Asunirio), mantém-se em atividade somente os setores mais próximos à reitoria e o Hospital Universitário Gaffrée e Guinle. Serviços não essenciais, como as bibliotecas, seguem parados.
Na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) a paralisação atinge a graduação, cujo calendário oficial está suspenso desde 23 de maio, e será “integralmente recomposto” após o fim da greve docente. Bibliotecas e hospital veterinário também estão fechados. Há atividade em alguns programas de pós-graduação e em núcleos específicos de pesquisa.
No site da UFRRJ foi divulgado o Ofício Circular nº 08/2012 GAB/SESU/MEC, assinado por Amaro Henrique Pessoa Lins, secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, com data de 3 de agosto. No documento a pasta oficializa o término das negociações com os docentes, e define que “a expectativa do MEC é que as universidades e institutos federais retomem as atividades e reponham adequadamente as aulas suspensas por conta da paralisação, reduzindo os prejuízos dos estudantes e toda a comunidade acadêmica”.