Democraticamente, foi realizada em 1º de agosto a consulta aos professores sobre a continuidade da greve na UFSC, considerada a demanda por atualização da carreira. Atualização que fosse capaz de corrigir distorções, injustiças e desvantagens comparativas com outros profissionais equivalentes, principalmente profissionais de ciência e tecnologia.
Apurados os resultados, a maioria deliberou pela continuidade da greve, iniciada em 11 de julho, manifestando a insatisfação com a proposta apresentada pelo governo, no dia 24 de julho.
Cabe, a partir das constatações enunciadas, questionamentos relativos aos fatores envolvidos no processo.
Há questões de natureza politico partidária? Não se pode imaginar que esta variável não esteja presente. Os principais protagonistas das propostas alternativas à apresentada pelo governo são vinculados à CUT e à Conlutas. Estes protagonistas são o Proifes e o Andes.
Há questões de natureza econômica? Evidente que sim. Não se pode imaginar que esta variável não esteja presente. As centrais sindicais a que pertencem os citados protagonistas são beneficiadas de recursos sindicais através do Ministério do Trabalho e Emprego, de acordo com o número de sindicalizados vinculados, dentre outros fatores.
Há questões de natureza altruísta? Evidente que não. Não se pode imaginar que esta variável esteja presente. Veja-se o movimento de encontros, reuniões, debates, ciclos de participações, comissões e congressos e feiras. E os resultados de efetividade e prestação de contas são frágeis ou inexistentes, em sua grande parte.
O governo em matéria publicada no site do Ministério do Planejamento anunciou que “o acordo está aberto para que Andes e Sinasefe assinem a qualquer momento. Vamos assinar com o Proifes e enviar até o dia 31 de agosto um projeto de lei ao Congresso Nacional”. Finalizou afirmando que “esta é a segunda e definitiva proposta apresentada pelo governo”.
Há vencidos ou vencedores no processo? Evidente que não. Não se pode imaginar que esta variável seja realista.
A Apufsc-Sindical, desde a sua feliz desfiliação ao Andes, defende, a partir de Grupos de Trabalho, com apreciação pelo Conselho de Representantes, e debates recentes, a definição de critérios de carreira, a recuperação salarial dos professores e a correção de injustiça, sejam de natureza administrativa ou de erro negocial.
A difícil e trabalhosa autonomia e a independência conquistadas pela Apufsc-Sindical quanto aos vínculos políticos e ideológicos nos exige, no momento, uma postura equilibrada e desvinculada dos grupos que pretendem apresentar-se como vencedores. Não se pode admitir retrocesso!!!!
Há nas discussões e polêmicas interesse de solução imediata de reivindicações dos professores? Evidente que não. Não se pode imaginar que esta variável seja realista, até porque estamos em vias do encerramento de prazos legais para que desfrutemos de qualquer benefício no próximo ano, e maiores conflitos nos deixarão sem resultados concretos, mesmo que ainda insatisfatórios.
Negociação é um processo que não se encerra ou esgota no relacionamento com o Poder Executivo, mas é ampliado e renovado junto ao Poder Legislativo.
Avançamos para uma representação sindical nacional com a mesma condição de independência e autonomia e com a frente parlamentar que valorize a Universidade Federal Pública, Gratuita e de Qualidade. Este sim é o futuro, não o confronto ideológico e político e o oportunismo histérico.