Em uma mobilização que demonstrou ampliação e a força do movimento, cerca de 20 mil pessoas, entre servidores e estudantes, ocuparam a Esplanada do Ministério na manhã desta quarta-feira (18) para exigir do governo negociações efetivas. “Essa belíssima Marcha que realizamos hoje é resultado da indignação dos servidores públicos federais pela falta de compromisso do governo com as políticas sociais, especialmente com a educação e a saúde”, discursou no carro de som principal da Marcha a presidente do ANDES-SN, Marinalva Oliveira.
A Marcha começou por volta das 9h e às 11h ocupava toda a extensão da Esplanada, da Catedral de Brasília até a Praça dos Três Poderes. Ao meio dia, o carro de som principal chegou no Bloco K, onde fica o Ministério do Planejamento. Neste momento, foram estourados fogos de artifício por mais de cinco minutos. “Esses fogos são para os caravaneiros, que deram uma demonstração de luta e disposição e fizeram de hoje um dia vermelho na luta dos servidores públicos”, disse o representante da CUT, Pedro Armengol.
Repressão
Como ocorre em todas as marchas, o carro de som ficou em frente ao Congresso Nacional, enquanto os manifestantes desceram para a praça. A coluna do ANDES-SN era uma das primeiras do ato e quando os manifestantes chegaram em frente ao Palácio do Planalto foram impedidos de continuar caminhada, o que levou a direção do Sindicato Nacional a negociar com o comando da Polícia Militar.
“Dissemos que hoje não haveria retenção em frente ao Palácio do Planalto, mas que a Marcha passaria pela Praça dos Três Poderes, contornando-a em direção ao Ministério do Planejamento como fizemos em outras oportunidades. Depois de argumentarmos, eles permitiram a nossa passagem”, informou a 1ª secretária do ANDES-SN, Marina Barbosa, que fez a negociação com a polícia.
“Nós sabíamos que a ação policial repressiva seria intensa, inclusive que há um contingente grande de policiais nos porões de Brasília, de prontidão para intervir na manifestação, caso eles achem necessário, mas não pensávamos que eles pretendiam nos impedir de percorrer toda a Esplanada”, comentou Marina.
Durante todo o trajeto, foi preciso uma negociação constante com os policiais. Quando a Marcha estava chegando em frente ao bloco K, onde fica a sede do Ministério do Planejamento, quase toda a extensão da via foi demarcada com carros da polícia. A todo momento, os responsáveis pelo carro de som pediam para os manifestantes não provocarem, nem aceitarem provocações dos policiais.
2 de agosto
Durante a Marcha, os representantes da CSP-Conlutas, CUT e CTB, as três centrais sindicais que apoiaram a Marcha, anunciaram que no próximo dia 2 de agosto será realizado um Dia Nacional de Luta de todos os trabalhadores e movimentos sociais em apoio à luta dos servidores. “A luta dos servidores é de toda a classe trabalhadora e por isso essas três centrais convocam seus filiados a realizarem atos públicos, por todo o país, em defesa da causa do serviço público”, afirmou o representante da CSP-Conlutas, José Maria de Almeida, no carro de som principal.
Equotd+Não aceitamos o argumento de que não há recursos, pois não falta dinheiro para desonerações financeiras, isenções fiscais e pagamento de juros”, completou.
Para Wagner Gomes, presidente da CTB, a Marcha realizada nesta quarta-feira demonstra a unidade do movimento dos servidores, construída pelo movimento sindical. Ele garantiu que a CTB vai orientar a sua militância a participar em peso do ato no dia 2 de agosto.
O presidente da CUT, Vagner Freitas afirmou ser inconcebível o fato de o governo, depois de 30 dias de greve, não ter apresentado uma proposta. “A greve é um instrumento legítimo de luta e o governo tem de receber o trabalhador para negociar. Queremos propostas para todos os setores. Companheira Míriam, você precisa receber o comando de greve e negociar”, afirmou. Ele disse que vai ter uma audiência nesta quinta-feira (19) com o secretário geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, e vai pedir a intervenção dele para que o governo apresente uma proposta e respeite os trabalhadores.
A presidente do ANDES-SN defendeu que o governo abra a negociação com o conjunto dos servidores. “Devido à nossa greve, que está fortíssima, conseguimos que fosse apresentada uma proposta, porém, ela é desrespeitosa com o conjunto dos professores. Orientamos que a categoria a reprovasse, pois é preciso avançar em negociações efetivas, assim como os demais servidores conseguirão que seja apresentada uma proposta”, afirmou. “Se o objetivo da política do governo é desmontar o serviço público, o nosso objetivo é desmontar essa política, que só contribui para a manutenção de desigualdades em nosso país”, finalizou Marinalva.