Durante a reunião ampliada do Conselho de Representantes (CR), que, entre presencial e online, reuniu cerca 80 pessoas, os professores puderam manifestar suas opiniões sobre o relato apresentado pelo presidente da Apufsc-Sindical na abertura do encontro. Foram várias manifestações positivas e negativas sobre o processo de negociação da reestruturação e sobre a paralisação das atividades nas Instituições Federais de Ensino Superior (IFES).
Para o professor Antonio Fábio Carvalho da Silva, as discussões em torno do movimento de paralisação na UFSC já deveriam ter começado há mais tempo. “Quando é que nós vamos começar a discutir isso? Daqui a um mês? Quando a greve já tiver acabando? Isso deveria ter acontecido há quase um mês. A gente tem que começar a se reunir nos centros e nos departamentos para saber se um dia nós vamos entrar em greve ou não. Alguma decisão precisar ser tomada”, defendeu. O presidente do Sindicato, Carlos Mussi, afirmou que o objetivo da reunião do CR era justamente ter um indicativo de convocação de uma Assembleia Geral para uma deliberação sobre greve ou não.
O professor do Departamento de História, Waldir Rampinelli, disse que, pelo que foi apresentado na reunião, há um impasse entre Andes, Proifes e Governo. E, para ele, a maneira de resolver o impasse é a pressão. “Precisamos deixar algumas brigas de lado e juntar forças, senão nós vamos fazer o jogo do governo. Ele nos divide. É o momento de olharmos a nossa carreira. O momento da conjuntura nacional nos favorece”, avaliou.
O professor Rogério Portanova concorda que o momento é favorável para a discussão dos rumos da categoria, mas diz que, se o governo ainda apresenta condições de negociações, a greve é o último recurso. Caso os resultados não agradem aos professores. Também lembrou a importância de colocar na pauta de reivindicação a situação dos aposentados. “Precisamos colocar reivindicações mais amplas”, defendeu.
“Será que esta greve é forte? Até o momento eu não vi nenhum dado objetivo sobre isso”, questionou o professor Armando Lisboa. Para ele, é fácil divulgar um número considerado de universidades que estão em greve sem realmente mostrar qual é a verdadeira adesão, afirmando que as últimas greves nas IFES foram “fictícias”.
A sugestão do professor Ricardo Tramonte é reunir toda a comunidade universitária para mostrar à população “o descaso com a educação pública no país”, mas, ainda assim, o docente se posiciona contra a greve.
Na visão professor Henrique Finco, “falar em greve neste momento é prematuro”. Para ele, o movimento é político e “a avaliação do Proifes e do Andes são claramente suspeitas”.
O professor Nilton da Silva Branco defendeu um amplo debate antes de uma decisão sobre a paralisação das atividades e não deixar a definição para quando não houvermais tempo hábil para negociações.
A docente Maria de Lourdes Borges não concorda que a greve seja apenas política. Para ela, a luta é pela garantia de melhores salários e condições de trabalho.
As discussões nos centros e um levantamento real de como está a paralisação nacional e que essas informações sejam levadas ao conhecimento dos professores para a realização da assembléia também foram defendidas pelo professor Werner Kraus Junior.
Professor do CSE, João Rodolfo Pontes, fez uma explanação de como funcionam os tramites da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e seus prazos para tramitação. Segundo ele, nos meses de junho e julho o executivo prepara a previsão do orçamento para apresentação da peça ao Congresso Nacional e a aprovação final acontece em novembro, isso se todos os prazos forem respeitados. Sobre as negociações com o governo, falou que “nós não estamos usando as mesmas armas que o governo está utilizando, ou seja, nós não estamos usando da inteligência. Apenas um exemplo: se nós uníssemos todos os sindicatos do Brasil, teríamos recurso suficiente para ter, na mídia, um combate efetivo ao governo. Jamais imaginei que existissem pessoas no governo tão pobres em conhecimento a ponto de apresentar uma proposta como esta. Acho que eles não conhecem o mercado de trabalho”, disse ele e completou afirmando que não conhece nenhum estudo por parte dos sindicatos nacionais sobre o impacto financeiro das propostas salariais apresentadas na Mesa de Negociação.
As sugestões dos docentes serão levadas à Assembleia Geral do dia 14 de junho, que irá deliberar por um indicativo, ou não, de greve na Universidade. Para colaborar com o debate, neste dia a Apufsc deverá apresentar um quadro detalhado sobre a paralisação nas IFES em todo o Brasil.