Agências de fomento de 50 países criam Conselho Global de Pesquisa

Reunidos na sede da Fundação Nacional de Ciência (NSF, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, em Washington, representantes de cerca de 50 países aprovaram a criação do Conselho Global de Pesquisa, com o objetivo de melhorar a colaboração internacional entre as agências de fomento.

O Brasil foi representado na cúpula, realizada entre os dias 14 e 15 de maio, pelo presidente do CNPq, o físico Glaucius Oliva. Falando em entrevista coletiva, o diretor da NSF, Subra Suresh, disse que o Conselho representa “um primeiro passo rumo a uma abordagem mais unificada do processo científico”.

Em um artigo de opinião publicado na revista Science no ano passado, tratando do crescente investimento global em pesquisa, desenvolvimento e inovação, Suresh havia escrito que “as barreiras mais fundamentais para as colaborações multilaterais e internacionais são os padrões diversos de revisão do mérito científico e diferenças nas infraestruturas que garantem a ética profissional e a integridade científica”.

A cúpula de Washington, cuja realização havia sido anunciada nesse artigo, teve como objetivo tratar dessa preocupação. “A cúpula de 2012 desenvolverá um alicerce para a colaboração científica internacional, elucidando princípios aceitáveis de mérito”, escrevera o diretor. “Ciência de qualidade em qualquer lugar é bom para a ciência em todo lugar”, disse ele, na apresentação dos resultados da cúpula, cujo nome oficial foi Cúpula Global de Revisão de Mérito.

Essa reunião definiu uma série de princípios para a revisão do mérito de projetos de pesquisa. De acordo com nota da NSF, os princípios representam um consenso global que estimulará a cooperação internacional entre agências de fomento, e permitirá que os países que começam agora a criar suas agências saibam quais os elementos-chave para um bom sistema de revisão.

Os princípios divulgados ao final da cúpula de Washington são:

Avaliação por especialistas: os revisores, coletivamente, devem ter o conhecimento apropriado e a expertise para avaliar a proposta tanto no nível do contexto amplo do campo de pesquisa para o qual contribui quanto no que diz respeito à metodologia e aos objetivos específicos. Revisores devem ser selecionados com base em critérios claros.

Transparência: as decisões devem se basear em regras claras, procedimentos e critérios de avaliação publicados com antecedência. Os candidatos devem receber respostas apropriadas a respeito da avaliação da proposta.

Imparcialidade: as propostas devem ser avaliadas de modo justo, e com base no mérito. Conflitos de interesse devem ser declarados e administrados de acordo com um processo definido e publicado.

Adequação: o processo de revisão deve ser consistente com a natureza do pedido, a área de pesquisa envolvida e de modo proporcional ao investimento e à complexidade do trabalho.

Confidencialidade: todas as propostas, incluindo os dados, propriedade intelectual e outros documentos, devem ser tratados com confidencialidade pelos revisores e organizações envolvidos no processo de revisão.